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    Clarissa Oliveira
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    Clarissa Oliveira

    Viveu seis anos em Brasília. Foi repórter, editora, colunista e diretora em grandes redações, como Folha, Estadão, iG, Band e Veja

    Das centrais ao MST: cobranças azedam clima entre governo e movimentos

    Auxiliares do presidente admitem necessidade de atender a demandas históricas, mas cobram “boa vontade” da base histórica do PT

    Com dificuldade de avançar em demandas históricas da esquerda para privilegiar a pauta econômica, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva vê crescer nos bastidores o azedume na relação com movimentos sociais.

    Sob reserva, conselheiros de Lula relataram ao blog o incômodo com o que consideram “falta de boa vontade” da parte de grupos que historicamente dão sustentação ao PT, combinada à desarticulação do governo em lidar com as reivindicações.

    A avaliação alcança, por exemplo, as centrais sindicais neste 1º de maio. Esses líderes se queixam da mobilização de partes da base contra o fim da desoneração da folha de pagamentos para 17 setores, parte crucial da agenda. E reclamam da insistência em trazer para o debate público temas como a volta da contribuição sindical.

    Há queixas também sobre a mobilização do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) e outros movimentos ligados à terra, que nesta semana invadiram a sede do Incra em Alagoas, em protesto à indicação do novo superintendente do órgão.

    Auxiliares do presidente admitem que parte da responsabilidade por esse cenário é do próprio governo.

    “O problema é que parece que não tem ninguém em campo, fora o próprio Lula, para resolver esses problemas”, disse ao blog uma fonte com trânsito livre no gabinete presidencial. Esse aliado lembrou que Lula fez sua lição de casa. Reuniu-se há poucas semanas na Granja do Torto com movimentos sociais. “Mas falta coordenação e diálogo por parte do resto do governo”, reclamou o interlocutor.

    Um ministro ouvido pelo blog sob reserva queixou-se do que considera um “jogo de interesses” de parte dessa base.

    “Toda manifestação é legítima, nós sempre teremos essa posição. Mas existe aí uma dose evidente de disputa política. Entram em jogo até interesses eleitorais”, afirmou.