Ao reviver fantasmas do passado, Lula desperdiça o que restava da lua-de-mel
"Em vez de pacificar o país, acirramos a polarização", lamentou à CNN uma pessoa próxima ao presidente
Assessores do presidente, amigos de longa data e um ministro ouvidos pela CNN ao longo da semana relataram um cenário de preocupação:
Sob reserva, todos esses assuntos permearam as conversas.
É uma combinação distante do que esperavam os governistas para a largada do segundo ano deste novo mandato de Lula.
Em política, é praxe dizer que as medidas mais difíceis de um governo precisam sair — ou ao menos serem bem engatadas — no primeiro ano da gestão. É a tal da lua-de-mel.
Trata-se daquele período em que se observa um otimismo dos eleitores que viram seu candidato vencer e um voto de confiança de ao menos parte dos derrotados.
O Congresso costuma se mostrar mais receptivo a negociações. Há uma recomposição de forças, uma acomodação da nova articulação política. É uma etapa propícia a reformas, ajustes e até medidas impopulares.
A lua-de-mel de Lula não foi desperdiçada, ressaltam seus aliados mais próximos. O governo obteve vitórias importante:
- aprovou um novo arcabouço fiscal,
- passou uma reforma tributária.
Na hora de defender o governo, aliados de Lula exaltam muitos números positivos:
- PIB crescendo,
- emprego em alta,
- melhora nos indicadores da fome.
Fernando Haddad costuma receber elogios dos colegas. Firmou-se como articulador da agenda prioritária do governo.
O problema é que, no meio disso tudo, gastou-se muita energia para conter crises que poderiam ter sido evitadas.
Por exemplo, alimentou-se a percepção de um intervencionismo em empresas estatais, culminando na recente crise sobre o pagamento de dividendos na Petrobras.
Lula também protagonizou uma sucessão de polêmicas na esfera internacional, como ocorreu com as críticas à contraofensiva israelense em Gaza, citando Adolf Hitler.
Uma pessoa próxima a Lula apoiou-se na rivalidade entre o presidente e seu antecessor, Jair Bolsonaro (PL), para explicar o resultado disso tudo: “Em vez de pacificar o país, acirramos a polarização”, lamentou.