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    Clarissa Oliveira
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    Clarissa Oliveira

    Viveu seis anos em Brasília. Foi repórter, editora, colunista e diretora em grandes redações como Folha, Estadão, iG, Band e Veja

    Análise: Debate em SP mostra que cortes e ataques podem ser civilizados

    Confronto da Band teve vários momentos de tensão, sem desrespeito escancarado ao eleitor

    Para quem gosta de assistir a debates eleitorais, o confronto realizado na noite de ontem (14) pela TV Bandeirantes prendeu a atenção.

    Os dois candidatos à prefeitura da maior cidade do país se enfrentaram em um debate duro, marcado por vários momentos de tensão. Mas que destoou drasticamente de muitos dos confrontos do primeiro turno por um motivo bastante simples: tudo ocorreu em um ambiente, em geral, civilizado.

    Não foi um confronto ameno, muito menos desprovido de acusações. Como já se esperava, o apagão que atinge a cidade de São Paulo desde o fim da semana passada foi a grande novidade na nova etapa da disputa.

    Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL) cumpriram as expectativas e se lançaram em tentativas de jogar sobre o outro a responsabilidade por parte dos transtornos vividos nos últimos dias pela população paulistana.

    Sem Pablo Marçal (PRTB), protagonista de muitos dos tumultos que marcaram o primeiro turno da eleição, o debate teve um formato muito mais dinâmico. Os candidatos contavam com banco de tempo para elaborar suas respostas.

    E podiam circular livremente pelo estúdio. Esse jogo corporal, inclusive, foi amplamente utilizado pelo candidato do PSOL, que em diversos momentos pareceu agir com o objetivo de tentar acuar o prefeito de São Paulo.

    Fato é que ambos estavam cuidadosamente treinados para o confronto. Em alguns casos, até escapavam de ofensivas do rival em tom sarcástico, arrancando risos da plateia.

    Foi o que ocorreu, por exemplo, quando Boulos tentou se posicionar bem próximo de Nunes, para encará-lo. O prefeito ironizou a atitude do rival, perguntou se ele estava bem e até ensaiou um leve abraço. Todos riram.

    Foi um debate com plateia, uma raridade nesta eleição. Assessores e alguns jornalistas foram permitidos no estúdio. Mas tiveram de ser advertidos em diversos momentos pelo mediador, o apresentador Eduardo Oinegue.

    Até o jogo de cortes para as redes sociais que tanto guiou a campanha de Marçal apareceu com bastante intensidade no confronto da Band.

    Foi certamente cuidadosamente ensaiada a cena em que Nunes diz a Boulos que o adversário não sabe o que é trabalhar. Da mesma forma, não foi à toa que Boulos insistiu recorrentemente na pergunta sobre se o prefeito aceitaria abrir seu sigilo bancário.

    Mas o que Nunes e Boulos demonstraram no debate de ontem é que é perfeitamente possível adotar uma estratégia de cortes para redes, ensaiar cenas de efeito e até mesmo lançar acusações duras contra o adversário sem que isso signifique um desrespeito escancarado ao eleitor.

    O debate da Band teve uma dose significativa de jogo político. Mas também teve espaço para que ambos apresentassem ideias para a cidade.

    Ao fim do confronto, entretanto, o debate não trouxe um fato novo capaz de transformar completamente o cenário da corrida eleitoral na capital paulista. Na esteira do apagão, ambos os candidatos se concentraram em ampliar a rejeição de seu adversário.

    Boulos tentou responsabilizar o prefeito pelo apagão e procurou associá-lo a casos de corrupção. Nunes investiu em descreditar a atuação política do deputado, questionando sua competência e seu conhecimento da cidade.

    Uma máxima que costuma guiar o discurso de especialistas em marketing político é que agressividade em excesso se traduz em mais rejeição.

    Ontem, houve uma dose significativa de virulência nos ataques lançados entre os candidatos. Atrás nas pesquisas, Boulos apostou mais alto nas críticas ao prefeito, uma estratégia natural para quem está atrás nas pesquisas.

    A dúvida é se o eleitor verá o debate de ontem como agressivo ou se, em comparação aos confrontos com Pablo Marçal, achou que o confronto mais se pareceu com um encontro de cavalheiros.

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