Planalto teme que Congresso force veto de Lula sobre “taxa das blusinhas”
Segundo fontes, receio é que uma aprovação nos termos defendidos pelo relatório acabe levando a decisão de volta ao núcleo do governo
O maior temor no Palácio do Planalto na noite desta terça-feira (4) é de que o Congresso Nacional acabe por aprovar o projeto de lei do Mover na versão defendida pelo relator no Senado, Rodrigo Cunha, sem, portanto, qualquer taxação de compras internacionais, relatam fontes do Planalto. E que isso leve o presidente Lula a vetar o texto.
Isso porque uma aprovação nos termos defendidos pelo relatório acabaria trazendo de volta ao núcleo do governo se a posição oficial do Planalto seria a favor ou contra a taxação. Ainda mais porque se o texto assim chegar ao Executivo, caberá ao próprio Lula vetar ou não o dispositivo.
Desde o início desse debate, o governo se dividiu sobre o assunto. De acordo com fontes, uma parte, liderada pela primeira-dama Janja da Silva, entende que o governo deveria defender a não-taxação. Principalmente para evitar um impacto da medida – impopular – na popularidade do governo e do presidente.
Outra parte, mais sensível ao caixa em potencial que a medida gera e aos pedidos da indústria, entende que é preciso taxar as compras internacionais.
Até esta quarta-feira, quando o Senado deverá apreciar o assunto, caberá ao líder do governo no Senado, Jacques Wagner, intermediar com o relator a retirada do dispositivo do seu relatório. Não havia, porém, muito otimismo em relação a isso.
A alternativa seria elaborar um destaque – uma espécie de emenda – devolvendo a taxação nos moldes aprovados pela Câmara. O desafio, porém, seria convencer a oposição, muito mais robusta no Senado do que na Câmara, de acatar a medida. Dos 81 senadores, cerca de 30 são de oposição.