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    Caio Junqueira
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    Caio Junqueira

    Formado em Direito e Jornalismo, cobre política há 20 anos, 10 deles em Brasília cobrindo os 3 Poderes. Passou por Folha, Valor, Estadão e Crusoé

    Itamaraty aposta em pontes com republicanos na relação Lula-Trump

    Ideia é evitar que a posição declarada do presidente brasileiro a favor de Kamala Harris prejudique a relação entre os dois países

    O Itamaraty aposta em contatos mantidos com integrantes do Partido Republicano no Congresso americano e da campanha presidencial do partido nas últimas semanas para construir uma relação com Donald Trump daqui em diante.

    A ideia é evitar que a posição declarada do presidente Lula a favor de Kamala Harris na última sexta-feira (1º) prejudique a relação de 200 anos entre os dois países.

    Segundo o próprio Itamaraty, houve contatos com integrantes da campanha de Trump e com republicanos no Congresso, como o deputado Lance Goode, um dos copresidentes da Frente Parlamentar Brasil-EUA na Câmara, o chamado Brazil Caucus.

    Além disso, a diplomacia brasileira se aproximou de instituições ligadas ao Partido Republicano nas últimas semanas, como a Heritage Foundation.

    A aposta é que esses contatos servirão para tentar manter a relação bilateral e histórica entre os dois países, independentemente da relação pessoal de Lula e Trump — que assessores e diplomatas relataram a CNN que não deverá existir.

    Algo como vem sendo feito com a Argentina do direitista Javier Milei. Ainda que Lula e o argentino não tenham relação, os dois países mantém relações por diversos setores de ambos os governos e também de suas diplomacias.

    De qualquer modo, a avaliação do governo Lula é de que a vitória de Trump prejudica diversas agendas externas e internas.

    Os eixos da política externa brasileira, por exemplo, focado na agenda do clima, da busca pela paz em conflitos e na reforma da governança global, na visão de diplomatas brasileiros, são diretamente abalados e fragilizados.

    A situação da Venezuela é uma das que poderá ter maior impacto do ponto de vista regional. Trump já chegou a sugerir que se arrependeu de não ter invadido o país.

    Do ponto de vista interno, a vitória de Trump é vista como um problema, porque se acredita que o presidente americano fortalecerá a agenda bolsonarista de anistia a Jair Bolsonaro e críticas ao Supremo Tribunal Federal.

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