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    Caio Junqueira
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    Caio Junqueira

    Formado em Direito e Jornalismo, cobre política há 20 anos, 10 deles em Brasília cobrindo os 3 Poderes. Passou por Folha, Valor, Estadão e Crusoé

    Governos Lula e Tarcísio travam “duelo de anúncios” para Agrishow

    Evento acontece a partir de 28 de abril no interior de São Paulo

    As gestões do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do governador paulista, Tarcísio de Freitas (Republicanos), preparam nos bastidores anúncios a serem feitos na Agrishow, maior feira do agronegócio do país e uma das maiores do mundo.

    O evento começa só daqui a dez dias, no domingo (28), em Ribeirão Preto (SP), com uma cerimônia de abertura com autoridades fechada ao público.

    Do governo federal, já há presença confirmada:

    • do vice-presidente e ministro da Indústria, Desenvolvimento e Comércio, Geraldo Alckmin;
    • do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro;
    • e do ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira.

    Do lado de Tarcísio, o governador levará consigo pelo menos dois secretários: o de Agricultura, Guilherme Piai; e o de Justiça, Fábio Prieto.

    O presidente Lula foi convidado, mas não irá. Autorizou, porém, que seus representantes façam um anúncio de milhões de reais de medidas complementares para financiamento de custeio agrícola. O valor ainda é sigiloso em Brasília justamente para impactar o setor, tradicionalmente refratário ao PT e a Lula.

    O mesmo sigilo do anúncio foi adotado no governo Tarcísio, político com o qual o setor tem muito mais afinidade do que com Lula.

    A expectativa no entorno do governador é de que seja apresentada uma linha de crédito para compra de máquinas agrícolas e outra para irrigação, ambas com recursos exclusivamente paulistas. Assim como o Palácio do Planalto, o Palácio dos Bandeirantes também guarda a sete chaves o montante que será apresentado.

    Padrinho político de Tarcísio, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) irá apenas na segunda-feira 29, quando a feira já estará aberta ao público e os cerca de 800 expositores.

    A presença de Bolsonaro e a ausência de Lula ainda é um sinal de como o agro enxerga as duas maiores lideranças políticas do país.

    O presidente não engole o que considerou uma afronta do comando da Agrishow que “Fávaro” foi desconvidado do evento em 2023 para abrir espaço para a ida de Bolsonaro. Lula reagiu e classificou a organização de “povo mau-caráter, fascista e negacionista”.

    Seu entorno, porém, avalia que ainda não é hora de ele ir a despeito dos movimentos de Fávaro para aproximá-lo do setor. Somente neste ano foram três “happy hours” setoriais: com o setor de óleos vegetais, de carne e de frutas. Mas a aposta é de que as condições para que ele vá em 2025 estão em curso.

    Além desses encontros, o governo elenca um pacote de medidas que foram apresentadas ao setor desde janeiro de 2023.

    Neste ano, a diretoria da Agrishow mudou e portanto o comando da feira que se desgastou com Lula em 2023 não é o mesmo desse ano.

    Quem assumiu o posto de presidente da Agrishow foi o empresário João Carlos Marchesan, primeiro vice-presidente do conselho de administração da Abimaq, a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos.

    Ele disse à CNN considerar que o ambiente político neste ano está muito mais pacificado do que nos anos anteriores.

    Salvo algumas exceções, está muito mais pacificado. As restrições que havia ao presidente Lula e ao PT foram, a meu ver, superadas. As conversas que tenho tido com o ministro Fávaro e o ministro Teixeira são no sempre no sentido de atender às necessidades do setor, que teve perdas muito significativas nos últimos meses. E sinto boa vontade deles

    João Carlos Marchesan

    Para ele, o setor apoia quem atua para melhorar o ambiente de negócios do setor. “Existe o lado A e existe o lado B. Isso sempre vai existir. O que vota no Bolsonaro e no Tarcísio e o que vota no PT. O que se precisa é pensar em como produzir mais com menos custo, como agregar valor, melhorar a infraestrutura de logística e escoamento. Fazer política para desenvolvimento”, disse. “Se Lula vier, será muito bem recebido. Assim como todos que vierem”, concluiu Marchesan.