Aliados do senador bolsonarista Jorge Seif (PL-SC) relataram à CNN apostar em uma vitória dele no julgamento da cassação do seu mandato, que será retomado na tarde desta terça-feira pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Fala-se no seu entorno em um placar que possa ser de 4 a 3 ou até mesmo de 5 a 2 contra a cassação.

O otimismo se dá por uma série de motivações. Politicamente, Seif tem tido sinais de apoio de lideranças de peso do Senado, como Tereza Cristina (PL-MS) e até mesmo o líder do governo, Jaques Wagner (PT-BA). É alguém que senadores relataram transitar bem na casa e ser querido pelos pares.

Além disso, políticos que estiveram no governo Jair Bolsonaro considerados moderados e que mantiveram influência em Brasília sob o governo Lula, como o senador Ciro Nogueira (PP-PI), também têm feito a defesa de Seif nos bastidores.

O próprio senador também cuidou pessoalmente de sua defesa com ministros do TSE, para se apresentar, contar sua história e apresentar sua visão do processo antes do julgamento. Todos foram procurados, segundo seus aliados.

Outro ponto levantado é que Seif manteria influência na política local mesmo se for cassado. Ele ganhou a eleição para o Senado com mais de 1 milhão de votos de diferença contra o segundo e terceiro colocados, e a aposta entre políticos catarinenses é de que qualquer que seja o resultado do julgamento, ele conseguirá eleger um eventual sucessor.

Além disso, o autor da ação, o ex-governador Raimundo Colombo (PSD), não tem dado sinais de que pretende se candidatar caso seja cassado. Aquele que seria o maior interessado em sua vaga, portanto, não pretende disputá-la, tirando ainda mais o peso político da ação.

O momento de maior questionamento sobre os processos criminais contra bolsonaristas é apontado como outro fator que joga a favor do senador.

Nas contas dos aliados, um voto é considerado certo pela cassação: o do relator Floriano Marques. Por outro lado, três ministros, segundo aliados de Seif, devem manter seu mandato: Nunes Marques, Isabel Galloti e Raul Araújo.

Bastaria, portanto, mais um para ele se salvar. Ele poderia vir de Cármen Lúcia, Alexandre de Moraes e Andre Tamos Tavares.

Para além da leitura política que seus aliados fizeram à CNN, tecnicamente, a leitura deles é de que a objetivo inicial da acusação de que ele teria utilizado a estrutura da empresa Havan para se eleger não se comprovou.

O Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina (TRE-SC), por exemplo, emitiu pelo menos 15 ofícios a diversos órgãos para checar se Seif utilizou aviões do empresário Luciano Hang na campanha, e todos eles retornaram sem qualquer confirmação.

Tanto que a própria acusação pediu que a instrução dessas provas fossem encerradas, e elas passaram a ser utilizadas pela defesa do senador.

O ponto central então acabou sendo a gravação de vídeos de apoio de Hang a ele que teriam sido feitos utilizando a estrutura da Havan, o que seus aliados relatam não ser possível comprovar.