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    Caio Junqueira
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    Caio Junqueira

    Formado em Direito e Jornalismo, cobre política há 20 anos, 10 deles em Brasília cobrindo os 3 Poderes. Passou por Folha, Valor, Estadão e Crusoé

    Petrobras foi em março à Venezuela para avaliar campos de petróleo

    Estatal busca conter avanço de concorrentes de outros países

    Uma missão da Petrobras esteve em março na Venezuela com o objetivo de visitar campos de produção de petróleo em Maracaibo e a Refinaria Centro de Refinación Paraguaná (CRP), em Paraguaná, além de reunir-se com técnicos da PDVSA, atendendo convite da Embaixada da Venezuela no Brasil.

    Segundo dados do consultor Adriano Pires com base no World Energy Review, a Venezuela tem as maiores reservas provadas de petróleo do mundo, com 303 bilhões de barris. Está à frente da Arábia Saudita, com 267,2 bilhões; do Irã, com 208,6 bilhões.

    O Brasil ocupa a 15ª posição no ranking mundial de reservas provadas de petróleo, com um volume de 15,9 bilhões de barris. E, diante do impasse da exploração na margem equatorial brasileira, tem um prazo de produção de petróleo com prazo de validade. O que ajuda a entender a busca por outras fronteiras em outros países como a Venezuela.

    Ainda mais porque outras petrolíferas mundiais estão presentes na Venezuela.

    Segundo levantamento da Mordor Intelligence, realizado com base na divulgação de resultados trimestrais das companhias, os principais players do setor na Venezuela são:

    • Petroleos de Venezuela AS (PDVSA) – Venezuela
    • Total SA – França
    • NK Rosneft PAO – Rússia
    • Repsol SA – Espanha
    • Eni SpA – Itália
    • China National Petroleum Corporation (CNPC) – China
    • China Petroleum & Chemical Corporation (Sinopec) – China
    • ONGC Videsh Limited – Índia
    • Belorusneft AZS – Bielorrússia
    • Chevron – Estados Unidos
    • Maurel and Prom – França

    No entanto, uma reportagem da Reuters de 2024 trouxe declarações de oficiais norte-americanos afirmando que, após o retorno das sanções dos Estados Unidos, ao menos 50 companhias buscavam autorização para atuar no país latino-americano, sugerindo elevado interesse por parte do capital estrangeiro.

    Nesse caso, cita-se a manutenção de licença de operação para a Chevron, Repsol, Eni e Maurel and Prom, sendo que esta última anunciou ter licença individual para atuar no país até 31 de maio de 2026.

    É válido considerar que a posição da Venezuela na geopolítica global e, mais especificamente, a importância de seu setor de O&G, mas a divulgação de informações sobre transparência de mercado no país é muito precária.

    A alta opacidade do governo venezuelano torna difícil o cesso a dados consolidados sobre tamanho, organização, distribuição e outras variáveis essenciais à análise do setor.

    Petrobras

    A missão da Petrobras no país em março, quatro meses antes das eleições presidenciais, ocorreram dentro de um contexto de arrefecimento das sanções ao país após o acordo de Varbados e após conversa direta de executivos da estatal brasileira com executivos de petrolíferas que atuam na Venezuela, em especial da americana Chevron.

    A ideia, segundo fontes da Petrobras, foi conhecer o estado dos ativos petrolíferos do país, identificar potencial interesse da estatal brasileira na Venezuela e se preparar para aproveitar oportunidades que surgiriam, caso as sanções arrefecessem.

    A conclusão da missão foi a de que há ativos no país que foram deteriorados pela falta de investimento recente e que tem grande potencial de recuperação e exploratório, com possíveis novas descobertas ainda por fazer.

    Também se concluiu que o país precisa reorganizar sua indústria, inclusive nas áreas de refino e petroquímica, e que tem um enorme conjunto de ativos a recuperar.

    Com o diagnóstico inicial, as equipes técnicas foram orientadas a continuar atualizando e trocando informações com os venezuelanos para manter a análise em curso enquanto se aguardava o processo eleitoral do país.

    Internacionalização

    No passado, a Petrobras chegou a ter uma subsidiária integral para operar no exterior, chamada Braspetro e depois uma Diretoria da Holding.

    Especificamente na Venezuela, a estatal chegou a ter uma sucursal chamada Petrobras Venezuela em Caracas e alguns contratos de associação com PDVSA e outros sócios.

    Após as denúncias da Lava Jato, tudo foi fechado e, na gestão Bolsonaro, foi decidida a redução das atividades internacionais.

    Com a volta de Lula ao poder, o projeto de internacionalização da Petrobras voltou e a missão enviada para a Venezuela decorre dela.

    Foi organizado um núcleo técnico e jurídico para começar a avaliar oportunidades em áreas de interesse estratégico e definidos como foco a Margem Equatorial Sul-americana (do Rio Grande do Norte até o Panamá), Golfo do México e Caribe, e Margens Atlânticas da África e da América do Sul.

    Além da Venezuela, também foram enviadas equipes para fazer diagnósticos em outros países comi Uruguai, Argentina, Colômbia, Paraguai, Mauritânia, Namíbia, Angola, S Tomé & Príncipe, África do Sul, Guiana e Suriname.

    A CNN procurou a Petrobras, que enviou a seguinte nota:

    “De acordo com suas estratégias de negócio definidas no Plano Estratégico 2024-2028+, a Petrobras busca constantemente a geração de valor e a recomposição de suas reservas por meio da contínua aquisição de novas áreas exploratórias tanto no Brasil quanto no exterior, onde estas estiverem disponíveis. A companhia não tem investimentos previstos na Venezuela para os próximos meses.”

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