Governo e Fraport tentam acordo sobre aeroporto Salgado Filho
Empresa aponta que os prejuízos com as enchentes no aeroporto podem chegar, no pior cenário, a R$ 1 bilhão; e que o seguro do aeroporto cobre pouco mais de R$ 100 milhões
O ministro da Casa Civil, Rui Costa, e Andreea Pal, CEO da Fraport, concessionária do aeroporto Salgado Filho de Porto Alegre, tentam chegar a um acordo em uma reunião prevista para o final da tarde desta terça-feira (18) no Palácio do Planalto.
O principal assunto na mesa é se o governo federal vai acatar a reivindicação da empresa de rever o equilíbrio econômico-contrato de concessão e o tamanho, em reais, dessa revisão contratual.
Uma ideia é que o governo pague o referente a pandemia e ao mesmo reconheça que a empresa tem direito ao reequilíbrio do contrato, discutindo posteriormente o montante.
A empresa aponta que os prejuízos com as enchentes no aeroporto podem chegar, no pior cenário, a R$ 1 bilhão; e que o seguro do aeroporto cobre pouco mais de R$ 100 milhões.
Também tem relatado que no contrato está previsto que problemas por caso fortuito e força maior, como os prejuízos decorrentes de um fenômeno natural como as enchentes, exigem uma revisão do contrato.
E pretende por na mesa também o repasse dos prejuízos decorrentes da pandemia para o grupo, estimados em mais de R$ 200 milhões
O governo, porém, tem resistido a ideia.
Avalia que a empresa tem sugerido um valor muito maior do que o seu prejuízo real e diante do impasse tem sido lenta na operação para que o aeroporto volte a funcionar.
Interlocutores da empresa relataram à CNN que, no fundo, há uma tentativa do governo de forçar ao menos um debate sobre a retomada do aeroporto por parte da Infraero e que, ao endurecer com a Fraport, visa ao fundo retomar o aeroporto.
Na semana passada, um grupo de parlamentares se reuniu com a CEO da Fraport e saíram do encontro dizendo que ela sugeriu que se não houvesse uma revisão, a empresa não teria mais a concessão.
O gesto foi visto como uma ameaça e depois a empresa disse que a informação prestada aos parlamentares foi tirada de contexto.
Fato é que a Infraero hoje perdeu seus melhores aeroportos e hoje praticamente só tem de grande o Santos Dumont, do Rio de Janeiro, no seu portfólio.
E que há um grupo no governo que tem defendido o fortalecimento da Infraero sob pena de ela ser extinta em breve.
Oficialmente, a empresa diz que “na segunda (10/6), foi realizada uma visita de deputados federais e estaduais para acompanhar a situação do aeroporto” e que “diferentes cenários foram conversados e a Fraport reiterou novamente que não pretende devolver a concessão, pelo contrário, acredita no trabalho de seus funcionários e na capacidade de recuperação do aeroporto”.
Afirmou ainda que “diferentes valores tem sido especulados e, como mencionamos algumas vezes, tudo depende das necessidades e intervenções que a pista de pouso e decolagem precisará”.
“Por isso, seguimos avançando com os testes e sondagens de solo para essa avaliação técnica.
Pelas dimensões da pista e complexidade da sua estrutura, os testes são fundamentais para ações rápidas e assertivas. A previsão é que teremos o diagnóstico finalizado ainda na primeira quinzena de julho”, completou.