STF avalia que pressão por anistia a condenados pelo 8/1 pode chegar à Corte
Ministros podem ter muitas impressões sobre ideia, mas, já que imaginam que terão de julgar o caso, não querem criar razão de impedimento
Em um dos últimos compromissos antes de assumir a cadeira de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino foi provocado por um grupo de militantes de esquerda que cobravam dele alguma declaração dizendo que nunca haveria anistia para os condenados do 8 de janeiro.
Enquanto o futuro ministro do STF dava entrevista a jornalistas, o grupo gritava “sem anistia, sem anistia”. Chamado a entrar no coro, Dino apenas respondeu que não estava por dentro do assunto, que ainda não estava na pauta de discussão.
Pela CNN, este blog estava no local e viu quando o grupo insistiu tanto a ponto de o ministro dizer que não poderia falar de algo antes que pudesse ser julgado pelo STF, já prevendo que se, na verdade, a ideia do “com anistia” avançar, poderá a Suprema Corte dar a palavra final.
A postura discreta de Dino – o tambor que agora se diz harpa – é compartilhada por outros ministros da corte. Eles podem (e, claro, devem) ter muitas impressões sobre a ideia da anistia, mas, já que imaginam que terão de julgar o caso, não querem criar razão de impedimento.
É atribuição do tribunal entrar em campo sempre que a bola estiver dividida. Se no domingo (25) 750 mil pessoas, segundo dados da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, concordaram com tudo o que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse no trio elétrico, seria correto dizer que quem não viu graça em se juntar aos manifestantes na Paulista quer mais é ver a punição de quem fez o 8/1 entrar na história pelos piores motivos?
Se, eventualmente, o Congresso aprovar a emenda constitucional da anistia ou a direita forçar outro caminho pela absolvição dos crimes daquele 8/1, do novato Dino ao veterano Gilmar Mendes, os ministros já sabem que o STF terá que se manifestar.