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    Basília Rodrigues
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    Basília Rodrigues

    Apura e explica. Adora Jornalismo e Direito. Vencedora do Troféu Mulher Imprensa e prêmios Especialistas, Na Telinha e profissionais negros mais admirados

    Análise: lembrar do 8 de janeiro é inevitável

    Descrito como afável no passado, Francisco Wanderley Luiz virou alguém preocupado e preocupante, como o próprio episódio de sua morte ilustrou

    A morte de Francisco Wanderley Luiz, o Tiü França, em um dos lugares mais importantes da política do Brasil, a praça dos Três Poderes, trouxe de volta a discussão sobre os riscos que a democracia brasileira passa.

    Luiz era um homem inconformado com a política. Descrito como afável no passado, virou alguém preocupado e preocupante, como o próprio episódio de sua morte ilustrou.

    Ele fez publicações com ataques a “comunistas”, hostilidades ao Supremo Tribunal Federal, e imagens vestindo as cores verde, azul e amarelo.

    Luiz escreveu ameaças que sugerem a existência de mais bombas na região. Tanto que depois da morte dele, várias explosões continuaram a acontecer em uma operação controlada da polícia de Brasília que fez varredura para localizar e desativar outras bombas.

    A história de Luiz se insere no contexto de uma população em que cerca de 30% nem mesmo quis votar nestas eleições; em que o percentual de pessoas que aprovam o governo está bem perto daquele que ilustra quem não gosta; há muitos exemplos de descontentamento com a política acontecendo no Brasil.

    Tiü Gu viu amigos, conversou sobre vida pessoal, e dias antes de tirar a própria vida fez visita, tal como um cidadão comum, ao plenário do Supremo Tribunal Federal (STF).

    Apenas uma pessoa engolida pelas próprias crenças é capaz de tirar a vida, sem se dar a chance de ver a mudança que tanto exige.

    As coincidências com o 8 de janeiro de 2023 estabelecem uma relação aterrorizante entre dois episódios que ocorreram no mesmo lugar, com pouca distância de tempo, e que demandaram a mobilização de todas as esferas de poder.

    A sensação de que algumas lições deixaram de ser aprendidas é inevitável: onde estava o reforço de segurança? Como um visitante da Câmara vira homem bomba em questão de horas? Quantas bombas a mais ele pode ter plantado?

    As dúvidas, por si só, fazem o espírito de medo, ou no mínimo de reforços nos mecanismos de segurança, ressurgir. Nem todas pessoas presas pelo 8 de janeiro, foram condenadas até agora.

    A demora em denunciar investigados e realizar o julgamento de todos envolvidos teria servido de referência para que outras pessoas, sozinhas ou não, se encorajassem a tentar de novo?

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