Governo minimiza carta de ex-chefes de Estado e mantém posição sobre Venezuela
Posicionamento brasileiro tem sido de garantir a manutenção do diálogo com a Venezuela sem formalizar sua colocação com relação ao reconhecimento das eleições
A carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por ex-presidentes da Espanha e da América Latina, com apelos sobre a posição do Brasil frente à Venezuela, foi minimizada por auxiliares do governo nesta segunda-feira (5).
Para essas fontes, Lula é um democrata, que está sendo testado, e não precisa de carta para reafirmar seu compromisso com a democracia.
O documento foi recebido pelo governo brasileiro, mas sem efeitos práticos. A posição do Brasil tem sido de garantir a manutenção do diálogo com a Venezuela, sem formalizar sua posição sobre o reconhecimento das eleições.
Em tom de indignação, os ex-mandatários da Espanha e América Latina defendem uma transição da Venezuela para democracia.
“A evidente usurpação da soberania popular que Nicolás Maduro Moros realizou, em conluio com os poderes do Estado que estão a seu serviço e sob seu controle, é feita com desprezo pela verdade eleitoral para se perpetuar no exercício do poder e afirmá-lo por meio de uma política de Estado repressiva e de violação generalizada e sistemática dos direitos humanos dos venezuelanos. O que está acontecendo é um escândalo. Todos os governos americanos e europeus sabem disso. Admitir tal precedente ferirá mortalmente os esforços que continuam a ser feitos com tanto sacrifício nas Américas para defender a tríade da democracia, do Estado e dos direitos humanos. Não exigimos nada diferente do que o próprio presidente Lula da Silva preserva em seu país”, afirma o texto.
A carta carrega as assinaturas de 30 ex-chefes de Estado e governo, reunidos na Iniciativa Democrática da Espanha e das Américas (IDEA). Entre os signatários, estão os ex-presidentes Maurício Macri, da Argentina; Álvaro Uribe e Iván Duque, da Colômbia; Vicente Fox e Felipe Calderón, do México; Guillermo Lasso, do Equador; Carlos Mesa, da Bolívia; e Mariano Rajoy, ex-primeiro-ministro (chamado de ex- presidente de governo) da Espanha.