Análise: quem tem mais a perder na queda de braço entre Lira e Padilha
Sucessão na Câmara e pautas de interesse do governo são pano de fundo do embate entre ministro e presidente da Câmara
Enquanto o embate Lira-Padilha produzir apenas troca de farpas, o Planalto somente observa.
Esse quadro, no entanto, pode mudar se, além das perdas previsíveis, a Câmara travar a pauta e colocar a governabilidade do governo em risco.
Arthur Lira (PP-AL), que está no último ano de presidência da Câmara, tem poder para isso. Mas este ainda não é o termômetro da crise.
Mesmo com a articulação problemática, nem de longe há temor de impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A tramitação de pautas econômicas também não corre risco. O presidente da Câmara é pessoalmente comprometido com as mais relevantes.
Fato é que o governo não quer correr risco de ser vítima do conflito instalado.
Diferentemente de Alexandre Padilha, Lira não é demissível. E tenta anular a influência do Palácio do Planalto sobre a disputa para escolha de quem irá sucedê-lo, em 2025.
Nesse assunto, Lira vê o que considera “intromissão” por parte de Padilha. Mas Lula já se comprometeu com Lira que não entrará nessa, apesar da pressão do PT.
Se necessário for, Lula deixará o compromisso ainda mais claro, podendo externar apoio ao candidato de Lira.
Mais do que qualquer ministro, o diálogo de Lira com Lula é direto.
Na reunião ministerial de março, o presidente da República até tirou graça da briga de seu ministro com o comandante da Câmara.
Segundo relatos à CNN, disse “depois o Arthur fala mal do Padilha”. Por sua vez, Padilha teria dito: “ele faz isso todo dia”. O público sorriu.
No fim das contas, Lira considera Padilha “incompetente” e “desafeto pessoal”. Padilha finge que o problema não é com ele e desconversa. A ver se os próximos capítulos.