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    Américo Martins
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    Américo Martins

    Especialista em jornalismo internacional e fascinado pelo mundo desde sempre, foi diretor da BBC de Londres e VP de Conteúdo da CNN; já visitou 68 países

    Lula decide não comparecer à Cúpula da Paz sobre a Ucrânia

    Líder brasileiro foi convidado pelo governo da Suíça e também pelo presidente Zelensky, durante entrevista à CNN Brasil

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu não comparecer à Cúpula da Paz sobre a Ucrânia, que será realizada nos dias 15 e 16 de junho, na Suíça.

    O governo suíço fez questão de convidar Lula durante um encontro presencial entre o chanceler do país, Ignacio Cassis, e o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, no dia 30 de abril.

    O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, também convidou Lula para participar da cúpula em uma entrevista à CNN Brasil, ocorrida no dia 18 de abril, em Kiev.

    Tanto suíços como ucranianos desejam muito a presença no evento de importantes líderes do chamado Sul Global, as grandes nações em desenvolvimento.

    Isso porque esse grupo de países vê com reservas as sanções aplicadas pelo ocidente contra a Rússia por causa da guerra.

    Zelensky, em particular, tem tentado se aproximar de presidentes da América Latina, África e Ásia. O principal apoio dado à Ucrânia, no entanto, continua vindo dos Estados Unidos, União Europeia, Reino Unido e outras nações ricas.

    Como um dos principais líderes do Sul Global, Lula foi fortemente cortejado pelos suíços.

    Uma fonte próxima do ministro Mauro Vieira disse à CNN que o chanceler Cassis insistiu muito na presença do presidente brasileiro no encontro, reconhecendo a importância não apenas do Brasil mas também sua influência entre as nações em desenvolvimento.

    Entre os convidados também estão a China, a África do Sul e outras dezenas de nações. A Rússia, no entanto, foi excluída do evento.

    Lula e Vieira se reuniram esta semana, segundo fontes diplomáticas brasileiras, e decidiram que a delegação que vai representar o país na cúpula não será chefiada pelo presidente.

    Não foi definido ainda, no entanto, quem ocupará esse papel.

    Na avaliação de Lula e do Itamaraty, não faz sentido a participação do líder brasileiro em uma cúpula que não envolve os dois lados em conflito.

    A diplomacia brasileira sempre insistiu na necessidade de negociações para a paz, mas não vê sentido em um encontro que deixa de fora os russos.

    O Brasil votou em várias oportunidades na Assembleia Geral da ONU condenando a invasão russa e defendendo a integridade territorial da Ucrânia. Mas o país não endossou as sanções contra o Kremlin.

    Lula também deu várias declarações controversas sobre o conflito, inclusive uma na qual disse que o governo de Kiev, vítima da invasão, também era responsável pela guerra. Em outra ocasião, disse que o apoio ocidental aos ucranianos estava apenas prolongando o conflito.

    A Suíça informou na quarta-feira (15) que mais de 50 países já confirmaram presença na cúpula, mas não informou quantos chefes de Estado devem comparecer.