O chefe do clima da ONU, Simon Stiell, disse que “é preciso alinhar as expectativas” das delegações e entidades da sociedade civil com relação à COP30, prevista para acontecer no ano que vem em Belém, no Pará.

Em entrevista exclusiva à CNN, Stiell disse que a COP no coração da Amazônia tem tudo para ser um sucesso. Mas ele lembrou que Belém não tem capacidade física para acomodar as dezenas de milhares de pessoas que costumam comparecer às cúpulas mundiais do clima.

O secretário-executivo da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima disse que, diante das restrições físicas da cidade, o segredo para o sucesso do evento vai depender de “um planejamento sério” feito pelas autoridades.

Ele afirmou que é preciso salvaguardar, em especial, a integridade das negociações para acordos que permitam o combate às mudanças climáticas.

“Essa é a prioridade”, indicou, sugerindo indiretamente que talvez seja necessário um limite no número de pessoas interessadas em comparecer, mas que não estejam ligadas às negociações entre os países.

O governo do Pará confirmou à CNN que já está realizando cerca de 30 obras estruturantes nos eixos de mobilidade, desenvolvimento urbano e saneamento com orçamento de R$ 4 bilhões apenas no ano de 2024. Segundo o governo, as obras estão sendo feitas dentro dos prazos.

“O governo do Pará trabalha para que todas as exigências da UNFCCC sejam atendidas para a realização da COP30 na capital paraense em novembro de 2025”, afirmou a assessoria do governador Helder Barbalho, um dos maiores entusiastas da realização do evento no coração da Amazônia –defendendo o evento desde, pelo menos, a COP27, realizada em 2022, no Egito.

Os esforços do Pará também são reconhecidos por Stiell.

“Belém pode e vai (conseguir sediar com sucesso a COP), mas isso requer um esforço logístico significativo. Há restrições físicas e a COP vai ter que se encaixar dentro dessas restrições. Então isso exigirá um planejamento sério das autoridades brasileiras, com o apoio da UNFCCC. Mas é muito importante alinhar bem as expectativas com os delegados, com aqueles países que desejam participar, também com aqueles atores não estatais que são uma parte importante (do evento). As expectativas precisam ser bem alinhadas” disse o chefe do clima da ONU.

“O que é de importância central? São as negociações. A integridade e a facilitação dessas negociações não podem ser comprometidas. Obter resultados fortes é o que é importante na COP. E podemos conseguir isso com planejamento cuidadoso e detalhado”, disse Stiell.

Além das obras próprias, o governo do Pará afirmou que também “trabalha junto ao governo federal para desenvolver soluções de hospedagem que já estão em andamento para garantir a realização do evento de acordo com os parâmetros determinados pelas Nações Unidas, ao mesmo tempo em que se preocupa em deixar um legado para a população do estado, transformando a vida de milhares de pessoas”.

E a assessoria continua: “tudo isto nos garante a tranquilidade na realização de um grande evento. O governo do Pará tem plena certeza de que a localização da cidade permitirá que representantes de 190 países tenham uma experiência imersiva única sobre a realidade da floresta Amazônica e as necessidades de seus povos”.

COP30 é essencial

Stiell reafirmou que a COP30 é essencial para concluir a revisão das metas de combate às mudanças climáticas elaborada por todos os países, como determinado pelo Acordo de Paris, em 2015.

Além disso, o evento poderá chegar a acordos importantes que levem à substituição do petróleo na matriz energética mundial, avançando em relação ao que já se discutiu na última COP28, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, em 2023.

“A COP30 em Belém nos dá uma oportunidade de realmente coroar o que foi alcançado no ano passado em Dubai, na COP28, junto com as expectativas do que precisa ser alcançado este ano (na COP29, em Baku, no Azerbaijão). Isto é, um impulso pesado em finanças”, disse ele.

O chefe do clima da ONU parece otimista com relação ao que se pode alcançar em Belém, quando cada país vai apresentar novos planos de ação climática para tentar conter o aquecimento global