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    Tesla cancela projeto de produzir e vender carros mais baratos

    Empreendimento tinha o objetivo de tornar os veículos elétricos da empresa de Elon Musk mais acessíveis

    Hyunjoo JinNorihiko ShirouzuBen Klaymanda Reuters , em São Francisco, Austin e Detroit, nos EUA

    A Tesla decidiu cancelar o projeto de fazer um carro de baixo custo – ou seja, mais barato – prometido há muito tempo. Os investidores contavam com a iniciativa para impulsionar o crescimento da empresa, o que tornaria o empreendimento de Elon Musk em uma montadora de automóveis para o mercado de massa.

    A informação foi confirmada por três fontes familiarizadas com o assunto à Reuters. A reportagem também teve acesso a mensagens da Tesla.

    A montadora continuará a desenvolver táxis-robôs autônomos na mesma plataforma de veículos pequenos, segundo as fontes ouvidas.

    A decisão representa o abandono de uma meta de longa data que o chefe da Tesla, Elon Musk, sempre caracterizou como sua principal missão: carros elétricos acessíveis para o público.

    Seu primeiro “plano mestre” para a empresa, em 2006, previa a fabricação de modelos de luxo primeiro e, em seguida, o uso dos lucros para financiar um “carro familiar de baixo custo”.

    Desde então, Musk tem prometido repetidamente esse veículo a investidores e consumidores. Ainda em janeiro, Musk disse aos investidores que a Tesla planejava iniciar a produção do modelo acessível em sua fábrica no Texas no segundo semestre de 2025.

    O modelo atual mais barato da Tesla, o sedã Model 3, é vendido por cerca de US$ 39 mil (cerca de R$ 197 mil) nos Estados Unidos. O agora extinto veículo de nível básico, às vezes descrito como Modelo 2, teria o preço básico de cerca de US$ 25 mil (R$ 126 mil).

    A Reuters procurou a Tesla, que não respondeu ao pedido de comentários sobre o caso.

    As ações da Tesla caíram quase 5% após a reportagem da Reuters.

    A reviravolta ocorre em um momento em que a Tesla enfrenta uma concorrência feroz em todo o mundo de fabricantes chineses de veículos elétricos que inundam o mercado com carros que custam a partir de US$ 10 mil (R$ 50 mil). O plano para os táxis-robôs sem motorista, que podem levar mais tempo para serem entregues, apresenta um desafio de engenharia e regulação.

    Duas fontes disseram que souberam da decisão da Tesla de abandonar o Modelo 2 em uma reunião com a presença de vários funcionários. Outra fonte ouvida pela reportagem disse que esse encontro aconteceu no final de fevereiro.

    “A diretriz de Elon é apostar tudo no táxi-robô”, informou à Reuters. A terceira fonte confirmou o cancelamento e disse que os novos planos exigem a produção de táxis-robôs, mas em volumes muito menores do que os projetados para o Modelo 2.

    Entre várias mensagens da empresa analisadas pela Reuters sobre a decisão está uma, em 1º de março, de um gerente de programa não identificado para o carro acessível, discutindo o fim do projeto com a equipe de engenharia e aconselhando-os a adiar a comunicação aos fornecedores “sobre o cancelamento do programa”.

    Uma quarta pessoa com conhecimento dos planos da Tesla expressou otimismo sobre a decisão de abandonar a estratégia de carros baratos em favor de táxis-robôs, um segmento que Musk imaginou como o futuro da mobilidade. A fonte advertiu que os planos de produtos da Tesla poderiam mudar novamente com base nas condições econômicas.

    Obter lucros com veículos de nível básico é um desafio para qualquer montadora. Mas a demora da Tesla em buscar o carro que Musk chamou de seu sonho tornou a tarefa muito mais difícil, porque agora ela enfrenta muito mais concorrência nessa faixa de preço.

    Enquanto a Tesla passou anos desenvolvendo seu Cybertruck, uma picape elétrica cara, as montadoras chinesas saíram na frente com veículos elétricos acessíveis, conquistando participação de mercado, obtendo economia de escala e oferecendo aos consumidores preços baratos que as montadoras ocidentais estão lutando para igualar.

    Enquanto os carros elétricos chineses surgiam para desafiar o domínio da Tesla, Musk cuidava de seu império em expansão, que inclui a fabricante de foguetes SpaceX, a desenvolvedora de chips cerebrais Neuralink e a gigante da mídia social X, antigo Twitter, que Musk adquiriu em 2022. Anteriormente chamada de Twitter, a plataforma naufragou sob a administração volátil de Musk, perdendo a maior parte de seu valor à medida que a empresa perdeu receita e anunciantes.

    Os planos para um Tesla acessível têm sido vistos como fundamentais para a concretização das ambições estratosféricas de Musk para o crescimento das vendas. Musk disse em 2020 que a Tesla pretendia, até 2030, vender 20 milhões de veículos — o dobro do que a maior montadora do mundo, a Toyota, vende atualmente. Com a morte do Modelo 2, não está claro como ele chegará lá.

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