Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Novo Lamborghini Temerario: supercarro híbrido passa dos 340 km/h

    Marca abandona de vez o V10 aspirado e cria novo conjunto com V8 biturbo e mais três motores elétricos

    Guilherme Machadocolaboração para a CNN

    [cnn_galeria template_part='highlight' active='9979239' id_galeria='9979192' html_id_prefix='featured_' ]

    A Lamborghini aproveitou a Monterey Car Week, na Califórnia (Estados Unidos), para o anúncio global do seu novo supercarro, substituto do Huracán: o Temerario.

    Assim como aconteceu quando a Lamborghini anunciou o sucessor do modelo flagship da marca, o Revuelto (que substituiu o Aventador), o Temerario recebeu um conjunto híbrido. Mas, diferentemente do Revuelto, que manteve um motor aspirado, o Temerario traz agora um novo motor sobrealimentado.

    Com um V8 biturbo trabalhando em conjunto com três motores elétricos, o Temerario gera 920 cv de potência e 800 Nm de torque, e é capaz de acelerar de 0 a 100 km/h em 2,7 segundos. A velocidade máxima é de 343 km/h.

    O design renovado do Temerario inclui, no exterior, elementos herdados do Huracán unidos a novos elementos poligonais, com predomínio de hexágonos. No interior, mais telas e formas herdadas do Revuelto.

    De acordo com a Via Italia (representante oficial da marca no Brasil), ainda não há previsão de chegada do modelo no país, nem preço estabelecido. Estima-se, com base no preço do seu antecessor, que deva passar dos R$ 4,5 milhões.

    Importância histórica

    Em 2003, já há seis anos sob o comando da Audi, a Lamborghini Automobili apresentou ao mundo seu novo supercarro “de entrada”: o Gallardo. Menor e com dois cilindros a menos no motor que o irmão mais velho Murciélago, o Gallardo foi fabricado por dez anos e foi, até a chegada do SUV Urus, o Lamborghini mais vendido da história (com mais de 14 mil unidades produzidas).

    A primeira geração do Gallardo contava com um V10 5.0. O ronco agudo e melódico e o design escultural fizeram com que o carro se tornasse o modelo dos pôsteres dos quartos de muitas crianças e adolescentes da época. A proposta do Gallardo era ser um carro com melhor usabilidade, quando comparado ao Murciélago. Em 2006, foi lançada a versão conversível do Gallardo.

    A princípio, o Gallardo vinha com tração integral. Havia duas opções de câmbio: um manual, de seis marchas, e um manual automatizado, de embreagem simples, com opção de trocas manuais nas borboletas acopladas à coluna de direção, câmbio que a Lamborghini batizou de “E-gear”.

    Em 2008, o Gallardo passou por um facelift de meia-vida. Além do visual repaginado, o carro ganhou mais potência e torque. A capacidade cúbica do motor V10 aumentou para 5.2 L. Esse motor passou a ser compartilhado com o Audi R8. Em algumas versões, a tração traseira passou a ser opcional.

    As opções de câmbio continuaram as mesmas, mas, na época, o E-gear já era criticado por proprietários e pela imprensa por ser lento e agressivo nas trocas de marcha.

    Em 2013, foi encerrada a produção do Gallardo. No ano seguinte, foi lançado seu sucessor: o Lamborghini Huracán.

    O modelo mantinha o que eram qualidades do seu antecessor, como o V10 aspirado (que passou a gerar 610 cv de potência e 560 Nm de torque), e trazia mudanças naquilo que não era tão bom: o câmbio automatizado de embreagem simples deu lugar a um câmbio de dupla embreagem, com trocas muito mais rápidas e suaves. O câmbio manual deixou de ser oferecido como opcional. A modernização da cabine, e o aumento da tecnologia embarcada, foi brutal.

    Nos dez anos que se seguiram, o nome Huracán foi mantido nas evoluções do modelo que havia sido lançado em 2014. Foram lançadas também versões conversíveis, versões com tração traseira e versões semi-pista, assim como foi o caso com o Gallardo.

    Havia limitações no quanto a engenharia era capaz de extrair, em termos de performance, do V10 naturalmente aspirado. A última versão lançada do Huracán é apenas 120 cv mais potente que a primeira Gallardo.

    Para se manter competitiva – visto que os mais recentes lançamentos de Ferrari e McLaren possuem números “astronômicos” de potência e torque – e também agradar os clientes que ansiavam por uma modernização do conjunto motor dos carros, a Lamborghini transformou o seu famoso V10 em peça de museu com o novo Temerario.

    O desafio não era simples, já que era preciso mudar a fórmula sem desagradar a grande parcela de clientes e entusiastas mais “puristas”, que certamente torceriam o nariz caso o sucessor do Huracán trouxesse um conjunto híbrido com motor pequeno ou 100% elétrico.

    A solução encontrada pela marca italiana foi combinar um motor com dois cilindros a menos – e duas turbinas a mais – com três motores elétricos. A perda do ronco melódico do motor aspirado seria justificada pelo ganho colossal de potência e torque: o Temerario gera 280 cv de potência e 235 Nm de torque a mais que o Huracán.

    Mudar sem perder a essência

    Buscando tanto não decepcionar a parcela mais purista do público, que ama a visceralidade e o “drama” dos motores Lamborghini, quanto manter a sensação de linearidade de entrega de potência e torque de um motor aspirado, a Lamborghini optou por utilizar no Temerario um V8 biturbo diferente daquele do SUV Urus.

    A marca então desenvolveu um V8 de virabrequim plano, capaz de girar a 10 mil rotações por minuto. A ideia é unir o melhor dois dois mundos, agradando o maior número possível de clientes potenciais.

    A Ferrari fez algo parecido com o V6 biturbo do 296 GTB. Inclusive, o motor foi apelidado pela própria marca de “piccolo V12″, justamente pelas semelhanças em funcionamento e ronco aos V12 tradicionais da marca. E a fórmula deu certo: O 296 caiu no gosto do público consumidor e dos entusiastas.

    A Lamborghini então tinha um case de sucesso no qual poderia se espelhar e tentar entregar ainda mais – e entregou (ao menos em números): o conjunto motor do Temerario produz 90 cv de potência e 60 Nm de torque a mais do que o 296 GTB.

    O Lamborghini também atinge os 100 km/h mais rapidamente que seu rival italiano em 0,2 segundos e tem velocidade máxima mais alta.

    Os avanços, obviamente, têm um preço. Para além de mudanças de caráter mais subjetivo, como a perda de um ronco mais orgânico e de uma analogicidade (que, na prática, já não existia mais), há um fator negativo do uso de uma motorização híbrida em um esportivo: o ganho de massa.

    O Temerario é 268 Kg mais pesado que o Huracán Evo (última versão com tração integral do Huracán), pesando 1.690 Kg (sem fuidos). Isso pode não ser um número tão significativo em um carro de passeio, mas é muito peso no mundo dos esportivos. O desafio, para os engenheiros, é fazer com que o carro mantenha uma dinâmica de condução de esportivo, mesmo com o peso extra.

    Novas tendências

    Existem duas tendências na indústria de superesportivos na atualidade que quase todas as marcas estão seguindo: a de rechear a cabine com gadgets e telas e a de oferecer diversas opções de personalização nos seus carros.

    A cabine do Temerario ficou muito mais tecnológica que a de seu antecessor. O painel de instrumentos permanece sendo digital.

    No console central, com design “flutuante”, uma tela sensível ao toque abriga as principais funções multimídia e de assistência ao motorista. Uma terceira tela, do lado do passageiro, traz informações referentes a performance do carro, como velocímetro e conta-giros.

    O interior do Lamborghini Temerario segue a linha do Revuelto: muitas telas e tecnologia embarcada • Lamborghini / Divulgação

    No volante multifuncional, o motorista encontra setas para controlar o que é mostrado no painel de instrumentos, comandos de faróis e limpadores de para-brisas.

    Quatro botões com seletores se destacam: o primeiro deles, ilustrado com uma bandeira quadriculada, é o seletor de modos de condução e launch control. O segundo controla os modos de suspensão e a ergue se necessário. O terceiro botão controla os modos elétricos e híbridos e a regeneração da carga da bateria. E, por fim, o quarto botão corresponde a uma funcionalidade batizada de Drift Mode.

    O Drift Mode, como o nome sugere, permite que o carro fique mais “solto” (para sair de traseira), ou que a eletrônica dê mais assistência ao piloto. A funcionalidade possui três estágios. Carros da McLaren e Ferrari já possuem modos semelhantes há algum tempo, mas essa é a primeira vez que vemos essa função em um Lamborghini.

    Quando falamos em itens configuráveis, além da paleta comum de opcionais, o cliente pode mergulhar no programa Ad Personam da Lamborghini, em que as opções de personalização são quase infinitas.

    Rodas e spoiler dianteiro em fibra de carbono: itens do Alleggerita Package • Lamborghini / Divulgação

    A Lamborghini também oferece um pacote focado em alívio de peso, o Alleggerita Package, que diminui o peso do carro em 25 Kg e melhoram a eficiência aerodinâmica. O pacote inclui:

    • rodas em fibra de carbono
    • saias laterais em fibra de carbono
    • spoiler dianteiro em fibra de carbono
    • aerofólio traseiro em fibra de carbono
    • tampas do motor em fibra de carbono

    Com a chegada do Temerario, agora todos os modelos de produção em linha da Lamborghini possuem conjuntos híbridos.

    Tópicos