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    Ford continua nas ruas: veja o que a montadora ainda oferece e os lançamentos

    Atualmente, a Ford oferece apenas quatro produtos ao público, todos feitos fora do Brasil

    Thiago Morenocolaboração para o CNN Brasil Business , em São Paulo

    Em janeiro deste ano, a Ford anunciou o encerramento de todas as suas atividades fabris no mercado brasileiro, incluindo o fechamento de sua principal unidade por aqui, situada em Camaçari, na Bahia.

    Também detentora da marca nacional Troller, a empresa criou a esperança de que a montadora de jipes de Horizonte, no Ceará, sobreviveria, sendo vendida para outro dono, o que não se confirmou. A Ford está interessada só na venda da linha de montagem e de seus equipamentos industriais, e a marca Troller e seus produtos também morrerão até o final deste ano.

    Sem as fábricas nacionais, a Ford perdeu a maior parte de suas vendas no país, concentradas no hatch Ka, nos três volumes de Ka Sedan e no SUV EcoSport, todos feitos no Brasil.

    Em agosto, ela apareceu apenas como a 18ª marca mais vendida, de acordo com a Fenabrave. Agora, a empresa mudou de estratégia, trabalhando por aqui com um catálogo 100% importado.

    O que a Ford ainda oferece?

    Atualmente, a Ford oferece apenas quatro produtos ao público, todos feitos fora do Brasil.

    O mais em conta, mas já partindo de R$ 188.990, é a Ranger. A picape média da marca é fabricada na Argentina e briga com modelos como a Toyota Hilux e a Chevrolet S10. Ela ainda traz opções de cabine simples ou dupla e motorização 2.2 ou 3.2, ambas turbodiesel. Vale lembrar que o país vizinho é especialista nesse segmento e a maior parte das picapes médias já vem de lá.

    Diretamente da China, a Ford importa o Territory, SUV médio que está no mesmo segmento – e faixa de preço – do Jeep Compass. Oferecido em versão única, a Titanium, o modelo traz itens como frenagem autônoma de emergência e controle de cruzeiro adaptativo. O motor 1.5 turbo não é dos mais potentes, entregando 150 cv de potência, bem menos que o principal rival. O preço também não é dos mais atrativos, saindo por R$ 214.990.

    O terceiro modelo que ainda chegou a ser oferecido junto a Ka e EcoSport nas lojas da Ford antes do fechamento das fábricas é o icônico Mustang. O cupê esportivo é importado dos Estados Unidos, o que não ajuda em nada seu preço de R$ 545.000. No entanto, a versão Mach 1 oferecida por aqui é uma das mais capazes nas pistas, com suspensão e aerodinâmica aprimoradas.

    A nova Ford

    O Ford Bronco Sport foi o primeiro lançamento da marca após o encerramento das atividades manufatureiras no Brasil. E ele tem exatamente o perfil que a “nova Ford” busca. É um SUV médio, categoria com margens maiores, importado do México, que reduz significativamente a carga tributária.

    O catálogo completo de tecnologias de segurança e conectividade em conjunto ao motor 2.0 turbo com tração integral foram uma forma de evitar a briga direta com o Jeep Compass, uma vez que o Bronco tem opções bem mais simples nos Estados Unidos que não chegam aqui. Versões mais em conta criariam uma disputa maior. O Bronco Sport está saindo hoje por R$ 265.690.

    O anúncio mais recente da marca, porém, é um veículo utilitário. A Ford voltará a oferecer no Brasil a Transit, van de passageiros que pode levar até 19 pessoas. Os preços ainda não foram definidos, mas a novidade chegará por aqui com um motor 2.0 turbodiesel de 170 cv e até assistente de manutenção em faixa, equipamento raro em modelos de trabalho. A van, porém, é montada no Uruguai por uma fábrica terceirizada, a Nordex, com componentes importados.

    Ainda há um terceiro lançamento programado para 2022. É a Ford Maverick. Trata-se de uma picape intermediária como a Fiat Toro que compartilha a plataforma e a linha de montagem mexicana com o Bronco Sport.

    Nos Estados Unidos, a versão mais barata custa tanto quanto um EcoSport vendido por lá (US$ 19.995) e já traz motorização híbrida capaz de fazer até 17 km/l. No entanto, para o Brasil, a marca deve adotar a mesma postura vista no Bronco Sport, trazendo as versões mais caras e equipadas.

    Envelhecimento da frota

    A forte queda nas vendas da Ford, porém, não significa que seus carros passarão a ser vista rara nas ruas. Um levantamento realizado pela consultoria Fraga Inteligência Automotiva revelou que a redução dos modelos da marca no total da frota nacional deverá ocorrer de forma bem gradual.

    Hoje, a Ford é responsável por 10,03% da frota circulante brasileira atual, contando veículos de passeio e comerciais leves. Desde o início das operações da marca no Brasil, que ocorreu em 1919, até dezembro de 2020, a empresa comercializou 4.498.065 carros, sendo mais de 2.200 versões de 40 modelos diferentes. O mais vendido da história da empresa por aqui foi o Fiesta, que acumulou 1.265.063 unidades comercializadas.

    A pesquisa da Fraga Inteligência Automotiva mostrou que a redução da participação dos veículos Ford na frota circulante deve ser de 14,31% até 2025. Nos próximos pouco mais de três anos, ainda deverão existir 3.853.943 carros da empresa rodando no Brasil.

    A questão é que, sem a venda em altos volumes de carros 0 km e focando em carros de volume baixo de vendas, mas com margens de lucro maiores, a aposentadoria de carros muito velhos passará a ser maior que o emplacamento de modelos novos. O resultado deverá ser um expressivo aumento da idade média dos veículos da marca rodando em nossas ruas.

    Hoje, dos carros Ford em circulação, 37,28% têm entre 4 e 10 anos de uso. Modelos entre 11 e 20 anos de idade representam 26,69% do total, enquanto apenas 19,05% já estão com mais de 20 anos de vida.

    As informações da Fraga mostram que, em 2025, 44,52% de todos os carros da Ford se enquadrarão na faixa etária entre 11 e 20 anos. Os carros da Ford que ainda poderão ser considerados seminovos, com até 3 anos de uso, serão apenas 6,42% de todos os veículos da marca circulando.

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