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    Confira os principais destaques do segundo dia da Convenção Democrata

    Barack Obama exortou unidade, Michelle pediu foco em eleger Kamala; partido destaca histórias pessoais e apoio de republicanos, preparando terreno para Kamala Harris e Tim Walz

    Eric BradnerArit Johnda CNN

    Barack e Michelle Obama eletrizaram a Convenção Nacional Democrata na terça-feira (20), com discursos consecutivos que criticaram duramente Donald Trump e instaram os americanos a rejeitar o candidato republicano de uma vez por todas.

    A ex-primeira-dama, em um dos discursos mais memoráveis da história da convenção, pediu aos democratas que deixassem de lado o “complexo de Cachinhos Dourados” e trabalhassem arduamente para eleger a vice-presidente Kamala Harris.

    “Não podemos apenas ficar ansiosos se este país vai eleger alguém como Kamala, em vez de fazermos tudo o que pudermos para eleger alguém como Kamala”, disse ela.

    Em seguida, o ex-presidente – em um discurso que evocou memórias de sua ascensão à consciência política americana e suas próprias campanhas vitoriosas – disse que a “grande maioria de nós não quer viver em um país amargo e dividido”.

    “Não precisamos de mais quatro anos de bravatas, desordem e caos. Já vimos esse filme antes, e todos sabemos que a sequência costuma ser pior”, disse Obama.

    Seus discursos encerraram uma noite durante a qual os democratas procuraram apresentar Kamala Harris de maneira mais pessoal aos americanos que estão começando a conhecê-la, apenas um mês após ela ascender ao topo da chapa do partido em 2024.

    O segundo-cavalheiro, marido de Kamala Harris, Doug Emhoff, contou a história do casal e por que seus filhos chamam a vice-presidente de “Momala” (junção de “mãe”, em inglês, e “Kamala”). A candidata ao Senado de Maryland, Angela Alsobrooks, explicou como Harris se tornou alguém que ela considera uma amiga e mentora.

    Isso preparou o palco para as duas noites finais da convenção: na quarta-feira (21), quando o candidato a vice-presidente do partido, o governador de Minnesota, Tim Walz, subirá ao palco, e na quinta-feira (22), quando Harris encerrará o encontro, iniciando a corrida final para o dia da eleição.

    Aqui estão oito principais conclusões da segunda noite da Convenção Nacional Democrata:

    “Crianças com nomes engraçados”

    O ex-presidente Barack Obama fala na terça-feira, 20 de agosto, em Chicago durante o DNC. • Austin Steele/CNN

    Vinte anos após Barack Obama, então um senador estadual, entrar na cena política com seu discurso na Convenção Nacional Democrata de 2004, ele entregou seu capítulo final.

    “Esta convenção sempre foi muito boa para crianças com nomes engraçados que acreditam em um país onde tudo é possível”, disse Obama.

    Os comentários do 44º presidente estavam cheios de referências às suas próprias campanhas – incluindo os famosos gritos de “Sim, nós podemos”, que outrora eram tão onipresentes nos comícios de Obama, agora voltando como “Sim, ela pode”.

    Não é de se admirar: Obama continua tão popular entre os eleitores americanos que até Trump agora evita oportunidades de confronto com o ex-presidente. Ele disse à CNN, na terça-feira (20) que, embora tenha diferenças com Obama em relação à política comercial. “Acontece que eu gosto dele. Eu o respeito, e respeito sua esposa”.

    Obama mirou em Trump, é claro – tentando desinflar a figura que tem dominado a política americana desde que ele deixou o palco.

    “Aqui está um bilionário de 78 anos que não parou de reclamar de seus problemas desde que desceu sua escada rolante dourada nove anos atrás. Há os apelidos infantis, as teorias da conspiração loucas, essa obsessão estranha com o tamanho das multidões”, disse Obama.

    Mas ele também exortou os democratas a não direcionarem rancores semelhantes aos americanos comuns.

    “Se um pai ou avô ocasionalmente diz algo que nos faz estremecer, não assumimos automaticamente que são pessoas más”, disse ele. “Reconhecemos que o mundo está mudando rápido – que eles precisam de tempo e talvez um pouco de incentivo para acompanhar. Nossos concidadãos merecem a mesma graça que esperamos que eles nos concedam. É assim que podemos construir uma verdadeira maioria democrática, uma que pode fazer as coisas acontecerem”.

    História da família de Barack Obama

    Michelle e Barack Obama na convenção democrata em Chicago • 20/8/2024 REUTERS/Brendan Mcdermid

    O ex-presidente também colocou uma nova perspectiva na sua história familiar já conhecida – comparando sua avó, uma mulher branca do Kansas que ajudou a criá-lo, com sua sogra, uma mulher negra do sul de Chicago, que faleceu no início deste ano.

    “Elas sabiam o que era verdade. Elas sabiam o que importava”, disse Obama. “Coisas como honestidade e integridade, gentileza e trabalho duro. Elas não se impressionavam com fanfarrões ou valentões. Elas não achavam que diminuir outras pessoas te levantava ou te tornava forte. Elas não passavam muito tempo obcecadas com o que não tinham”.

    Depois, ele fez a conexão com Harris – apontando para sua mãe indiana e seu pai jamaicano, que ambos imigraram para os Estados Unidos.

    “Seja você um democrata ou um republicano, ou algo no meio, todos nós tivemos pessoas assim em nossas vidas – pessoas como os pais de Kamala, que atravessaram oceanos porque acreditavam na promessa da América”, disse ele.

    “A esperança está voltando”

    Poucas pessoas têm tanto domínio sobre os corações e mentes da base democrata quanto Michelle Obama, que foi recebida com uma das rodadas de aplausos mais altas e longas ao subir ao palco em sua cidade natal na terça-feira.

    “A esperança está voltando”, disse ela, ecoando o tema da campanha presidencial de 2008 de seu marido.

    A ex-primeira-dama falou sobre o otimismo que Harris criou desde que se tornou a candidata democrata e a descreveu como a melhor escolha para liderar a nação, com base tanto em sua experiência quanto em seu caráter.

    “Minha amiga Kamala Harris está mais do que pronta para este momento”, disse Michelle Obama. “Ela é uma das pessoas mais qualificadas de todos os tempos a concorrer à presidência, e uma das mais dignas”.

    Michelle Obama discursa na terça-feira, 20 de agosto, em Chicago, durante o DNC • Rebecca Wright/CNN

    Ela falou sobre as origens e os valores de classe média que compartilhava com Harris e traçou um contraste nítido com Trump, observando que elas nunca “se beneficiariam da ação afirmativa da riqueza geracional”.

    Alertas contra a “tolice”

    O papel chave que Michelle Obama desempenhou na terça-feira foi instar o público a manter o foco no objetivo. Obama disse aos democratas para evitarem a “tolice” de esperar serem convidados a agir e fez um apelo pessoal para que todos “façam algo” entre agora e o dia da eleição.

    “Sim, Kamala e Tim estão indo muito bem agora. Estamos adorando. Eles lotam arenas em todo o país. As pessoas estão energizadas. Estamos nos sentindo bem”, disse ela. “Mas lembrem-se, ainda há tantas pessoas que estão desesperadas por um resultado diferente”.

    Ela expôs as questões e os desafios enfrentados por Harris como uma mulher negra em busca de um cargo mais alto em termos mais explícitos do que qualquer outro orador da convenção até agora. Michelle Obama aludiu aos anos em que Trump passou espalhando a falsa e racista teoria da conspiração sobre seu marido ter nascido fora dos EUA.

    “Sabemos que as pessoas vão fazer tudo o que puderem para distorcer a verdade dela”, disse Michelle sobre Harris. “Meu marido e eu, infelizmente, sabemos um pouco sobre isso. Durante anos, Donald Trump fez tudo ao seu alcance para tentar fazer as pessoas temerem a nós”.

    Ela também fez uma crítica à alegação de Trump, feita em um debate de junho, de que imigrantes estão roubando “empregos de negros”.

    “Quem vai dizer a ele que o trabalho que ele está buscando atualmente pode ser um desses empregos de negros?”, disse ela.

    Emhoff apresenta “Momala”

    Marido de Kamala Harris e segundo-cavalheiro dos EUA, Doug Emhoff • Chip Somodevilla/Getty Images via CNN Newsource

    Emhoff, marido de Kamala Harris, procurou mostrar aos EUA um lado pessoal de sua esposa – contando histórias sobre como se conheceram e como ela se tornou “Momala” para seus dois filhos.

    Emhoff, um advogado que deixou seu escritório de advocacia após Harris ser eleita vice-presidente, assumiu o papel que está buscando como o “pai da América” – aquele que tem um grupo de bate-papo com amigos de infância e uma liga de futebol fantasia (nome do time, Nirvana, “sim, em homenagem à banda”, disse ele) com amigos da faculdade de direito.

    Ele disse que conseguiu o número de telefone dela e ligou às 8h30. Ele deixou uma mensagem de voz confusa que instantaneamente se arrependeu – e Harris guardou essa mensagem. “Ela me faz ouvi-la em nossos aniversários de casamento”, disse ele.

    Ainda assim, ele disse, ela retornou a ligação, e os dois conversaram e riram por uma hora. “Você conhece essa risada. Eu amo essa risada”, disse ele.

    O papel de destaque de Emhoff para Harris foi um contraste vívido com a Convenção Nacional Republicana. Dois dos filhos de Trump falaram, mas não se aprofundaram em histórias pessoais sobre o pai. Sua esposa, Melania Trump, não falou e manteve sua participação na terceira candidatura presidencial de Trump ao mínimo.

    Mas o discurso de Emhoff não foi puramente anedotas pessoais. Ele também descreveu Harris como forte.

    “Aqui está a questão sobre guerreiros alegres: eles ainda são guerreiros. E Kamala é tão forte quanto se pode ser”, disse ele.

    Oradores do Partido Republicano aparecem para Harris

    Os democratas não estavam apenas trabalhando para atrair seu próprio partido. Ao longo da noite, a Convenção Nacional Democrata apresentou ex-republicanos pedindo para que independentes e críticos de Trump votassem em Harris.

    Um dos espaços para falar no horário nobre foi para o prefeito de Mesa, John Giles, no Arizona, um autodeclarado republicano de longa data que disse que o governo Biden-Harris entregou resultados para sua comunidade conservadora.

    “Tenho uma mensagem urgente para a maioria dos americanos que, como eu, estão no meio político: o Partido Republicano de John McCain se foi, e não devemos nada ao que sobrou”, disse Giles. “Então, vamos virar a página. Vamos colocar o país em primeiro lugar”.

    O discurso de Giles encerrou uma série de aparições na terça-feira de republicanos, ou pessoas que deixaram o partido, reunindo apoio para Harris.

    Em um vídeo curto, três ex-eleitores de Trump disseram que acreditavam que o ex-presidente não respeitava a Constituição e criticaram suas condenações criminais. No palco, Kyle Sweetser – um apoiador de Nikki Haley que planeja votar em Harris – disse que votou em Trump três vezes antes de ficar preocupado com suas políticas tarifárias.

    “Os custos para trabalhadores da construção civil como eu estavam começando a disparar”, disse Sweetser. “Percebi que Trump não era para mim”.

    Stephanie Grisham, ex-secretária de imprensa da Casa Branca de Trump e chefe de gabinete da ex-primeira-dama Melania Trump, se descreveu como uma “verdadeira crente” que passava seus feriados em Mar-a-Lago. Mas ela renunciou em 6 de janeiro de 2021, depois que Trump não agiu imediatamente para impedir seus apoiadores de atacar o Capitólio dos EUA.

    Os participantes seguram cartazes na segunda noite do DNC na terça-feira, 20 de agosto, em Chicago • Bernadette Tuazon/CNN

    Grisham usou suas observações para condenar Trump a portas fechadas, dizendo à audiência que ele zomba de seus apoiadores em privado e dizia que eles não têm vida social.

    “Ele não tem empatia, não tem moral e não tem fidelidade à verdade”, disse ela.

    “Essa não é uma agenda radical”

    Desde sua campanha presidencial de 2016, o senador independente de Vermont, Bernie Sanders, manteve um forte seguimento entre eleitores jovens e progressistas – os mesmos eleitores de que Harris precisará em novembro.

    Sanders usou seus comentários na terça-feira para endossar o que o governo Biden conseguiu ao longo dos últimos três anos e meio, enquanto também expunha uma lista de propostas para o próximo governo democrata: reforma do financiamento de campanhas, proteções para sindicatos, melhorar o acesso à saúde e reduzir os custos dos medicamentos, e melhorar a educação pública.

    “Vamos deixar claro: esta não é uma agenda radical”, disse Sanders. “Mas, me deixe dizer o que é uma agenda radical. E isso é o Projeto 2025 de Trump”.

    Para a vice-presidente, os comentários de Sanders não se tratavam apenas de relembrar como o governo navegou pela pandemia. Harris passou boa parte de sua campanha inicial tentando se distanciar da campanha progressista que ela liderou nas primárias democratas de 2020, especificamente seu apoio ao “Medicare para Todos” e à proibição do fracking.

    Essa mudança para o centro corre o risco de irritar ou decepcionar a esquerda, tornando os endossos de Sanders – e os comentários de segunda-feira (19) à noite da deputada de Nova York, Alexandria Ocasio-Cortez, – ainda mais importantes.

    Senador Bernie Sanders discursa na Convenção Democrata • REUTERS

    “VP Harris, Governador Walz”

    Os democratas interromperam a convenção do partido na terça-feira à noite para fazer uma festa. A chamada de votos, uma tradição das convenções políticas, foi transformada em uma mistura de uma hora em horário nobre liderada pelo DJ Cassidy, de músicas associadas a cada estado, enquanto representantes dos estados faziam discursos curtos ao depositarem os votos de seus delegados para a vice-presidente.

    Algumas das músicas escolhidas eram de músicos que são sinônimos de seus estados de origem, incluindo Eminem (Michigan), Prince (Minnesota), Bruce Springsteen (Nova Jersey), Jay-Z e Alicia Keys (Nova York) e Petey Pablo (Carolina do Norte).

    O estado natal de Harris, Califórnia, teve várias músicas – uma mixagem de rap de Dr. Dre, Snoop Dogg, Tupac Shakur e Kendrick Lamar. O governador Gavin Newsom depositou os votos do estado para Harris ao som de “Not Like Us” de Lamar.

    Mas a Geórgia roubou a cena. Lil Jon começou a festa com um rap de “Turn Down for What”. Em seguida, enquanto a faixa de “Get Low” tocava, Lil Jon ajustou as palavras. “To the window, to the wall” (“Para a janela, para a parede”, na tradução livre da letra música) se tornou “VP Harris, Governador Walz”.

    Foi uma hora de música e vibrações sem consequência real. Os democratas conduziram sua chamada de votos virtualmente há duas semanas; Harris já era oficialmente a indicada. A chamada de votos de terça-feira à noite foi puramente cerimonial.

    “Esta chamada de votos é de uma sinceridade apologética e sem ironia, sem um pingo de vergonha. É perfeita”, disse Amanda Litman, estrategista e escritora democrata, nas redes sociais.

    Terminou com os democratas cortando da chamada de votos para um vídeo ao vivo de Harris e Walz subindo ao palco a 90 minutos de carro ao norte, em Milwaukee, onde realizaram um comício na noite de terça-feira (20).

    “Vejo vocês em dois dias, Chicago”, disse Kamala Harris.

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