Análise: Boulos rebate Marçal e traz tom emocional para o centro da campanha
À CNN, deputado do PSOL apoiou-se nos ataques do rival para rejeitar a imagem de candidato radical
Alvo preferencial dos ataques de Pablo Marçal (PRTB), Guilherme Boulos (PSOL) encontrou nas acusações do adversário um caminho para imprimir um tom emocional a sua campanha.
Segundo entre os seis principais candidatos à Prefeitura de São Paulo a participar da série de entrevistas da CNN, o deputado do PSOL pegou embalo nas acusações do rival para rechaçar a imagem de radical, apresentar-se como um pai de família e valorizar sua trajetória e movimentos de moradia.
Foi o próprio Boulos quem tomou a iniciativa de trazer para a entrevista à CNN um dos ataques mais polêmicos e virulentos feitos na campanha até o momento: a acusação sem provas feita por Marçal de que ele seria usuário de cocaína. E Boulos abordou o assunto apoiado em sua própria família.
“Se coloque no meu lugar. Sou pai de duas filhas, vem um cidadão, inventa uma história sobre uso de drogas. Minha filha chega da escola chorando. Porque provocaram na escola com isso. Eu dou aula há mais de 20 anos. Chega um cidadão que ninguém sabe direito como vive e de onde vem o dinheiro ou seu sustento e fica esfregando uma carteira de trabalho na sua cara. O que você faria no meu lugar?”, indagou Boulos.
O candidato do PSOL encontrou na ofensiva do rival o argumento para restringir a participação em debates. E, sobre o tom que marcou a largada da campanha, emendou: “Ou você vai conversar com o povo de São Paulo, que é o que eu quero, ou você vai bater palma para maluco dançar. Isso eu não vou fazer. Quem quiser baixaria nesta campanha, não conte comigo”.
Em toda a entrevista, Boulos valorizou sua trajetória política, ao ser questionado sobre temas polêmicos, como as eleições na Venezuela ou seu histórico no MTST. Foi Boulos quem também trouxe para a discussão o fato de já ter sido detido, mas insistiu que quando isso ocorreu foi em defesa de movimentos populares.
Ele disse já ter olhado com “raiva” para as dificuldades da população mais carente, mas falou em aprendizado. “Quando decidi entrar na luta política, o sentimento que me move é o mesmo de quando eu ingressei no movimento social”, afirmou.