Febre oropouche merece a atenção de todos
Segundo o Ministério da Saúde, até o final de julho foram confirmados no país cerca de 7,2 mil novos casos de febre oropouche em 2024. Também foram notificadas duas mortes, algo inédito na literatura científica mundial. Trata-se de uma arbovirose transmitida por mosquitos, a exemplo da dengue, febre amarela, zika e chikungunya, mas a escalada da febre oropouche em diferentes estados brasileiros deve acender o sinal de alerta, especialmente entre os gestores de saúde nos três níveis – federal, estaduais e municipais.
Parte expressiva das infecções está concentrada na região Norte, nos estados do Amazonas e de Rondônia, mas também foi notado um número acima do esperado nas regiões Nordeste e Sudeste, incluindo, recentemente, cinco casos no interior do Estado de São Paulo, identificados na região do Vale do Ribeira.
No Brasil, a febre oropouche foi registrada pela primeira vez na década de 1960, mas os números de 2024 estão “fora da curva”, considerando as ocorrências em outros períodos. Só para efeito de comparação, em 2023 haviam sido contabilizados 835 casos, quase todos na mesma região. Os números de 2024 permitem concluir de que não se trata apenas de um aumento exponencial de casos, mas também uma disseminação por outras áreas do país.
A febre oropouche pode trazer danos consideráveis à saúde, ainda mais em uma época em que os hospitais das redes pública e particular ainda recebem muitos casos de pacientes com outros tipos de doenças virais. A enfermidade tem sintomas muito parecidos com os da dengue, tais como febre alta e dores de cabeça, musculares e articulares. Alguns casos podem ter consequências ainda mais graves caso não sejam identificados e tratados corretamente.
Não é apenas nos sintomas que a febre oropouche se assemelha à dengue. A forma de transmissão por vetor também é bem semelhante, assim como a alta incidência de casos em períodos mais quentes e chuvosos. Ela é transmitida pela picada do mosquito Culicoides paraenses, mais conhecido como “maruim” ou “mosquito-pólvora”.
Mas existem particularidades que servem para diferenciar uma doença da outra. Alguns sintomas específicos, como calafrios, náuseas e até mesmo fotofobia (sensibilidade excessiva à luz) são fatores que devem ser levados em conta na hora de estabelecer um diagnóstico para a febre do Oropouche.
Os sintomas costumam durar cerca de uma semana, mas a recuperação total costuma ser lenta. Apesar de ainda não existirem casos registrados de mortes provocadas diretamente pela febre oropouche, em algumas situações o vírus pode se espalhar e provocar infecções no sistema nervoso central, como a meningite. O tratamento costuma ser feito com base no controle e alívio dos sintomas por meio de analgésicos e antitérmicos, sem um medicamento específico para o vírus.
Em doenças desse tipo, a forma mais eficiente de combate é sempre a prevenção. São atitudes simples no dia a dia que dificultam a proliferação do mosquito e, assim, freiam o avanço das contaminações. Os focos de reprodução do mosquito devem ser eliminados. É importante ficarmos atentos a locais com acúmulo de sujeira e água parada, como calhas, pneus, vasilhames, vasos de plantas e afins.
Além disso vale reforçar outros pontos, como limitar a presença em locais com alta incidência de mosquitos ou, na impossibilidade, usar roupas que cubram boa parte do corpo, aplicar repelente nas áreas expostas da pele, além de seguir as recomendações das autoridades de saúde de cada região para maiores orientações sobre como evitar a contaminação, especialmente quando há casos suspeitos nas proximidades. E nunca se automedicar. Caso tenha algum sintoma, é importante buscar assistência médica.
Ainda não há uma vacina para a febre oropouche, o que reforça ainda mais a importância da atenção no combate aos mosquitos transmissores e na eliminação dos focos. Trata-se de uma ameaça não tão conhecida, mas que merece nosso alerta e dedicação. Prevenção e atenção são os nossos maiores aliados nessa batalha.