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    Médicos entram em greve na Índia após estupro e assassinato de residente

    Corpo da médica foi encontrado com múltiplos ferimentos na sexta-feira (9) e um suspeito foi preso, segundo polícia local

    Samra ZulfaqarEsha MitraManveena Surida CNN

    Milhares de médicos entraram em greve na Índia depois de uma médica residente ter sido estuprada e assassinada no leste do estado de Bengala Ocidental.

    O corpo da médica residente foi encontrado na sexta-feira (9) com múltiplos ferimentos e sinais de agressão sexual em uma sala de seminários no Hospital e Faculdade de Medicina RG Kar, na cidade de Calcutá, segundo a polícia local. Um suspeito foi preso.

    A CNN entrou em contato com a polícia de Calcutá para comentar.

    Na segunda-feira (12), associações médicas em vários estados pediram aos médicos dos hospitais públicos para pararem de fornecer todos os serviços eletivos indefinidamente, enquanto apelam pela aceleração do caso nos tribunais e criação de uma comissão de proteção para os profissionais da área da saúde.

    “Cerca de 300 mil médicos em todo o país aderiram ao protesto e amanhã esperamos que mais se juntem”, disse o Dr. Sarvesh Pandey, secretário-geral da Federação da Associação de Médicos Residentes (FORDA, da sigla em inglês).

    As imagens mostraram médicos em Calcutá e na capital Delhi segurando cartazes que diziam: “Salve nossos médicos, salve nosso futuro”. Na cidade de Hyderabad, no sul do país, os médicos realizaram uma vigília à luz de velas.

    Muitos dos médicos também destacaram incidentes de violência contra profissionais da saúde e ameaças de abuso físico por parte de pacientes e seus familiares.

    Uma pesquisa realizada em 2015 pela Associação Médica Indiana descobriu que 75% dos médicos na Índia enfrentaram alguma forma de violência, informou a mídia local na época.

    “O assassinato desta jovem médica não é o primeiro, nem será o último se medidas não forem tomadas”, afirmou a associação em uma carta ao ministro da saúde, publicada nesta terça-feira (13) no X.

    O órgão também pediu a realização de um inquérito sobre as condições de trabalho dos médicos e uma investigação imparcial do caso de homicídio.

    A ministra-chefe de Bengala Ocidental, Mamata Banerjee, disse que ficou chocada ao saber que a médica residente foi morta no hospital e apoiou as reivindicações dos manifestantes para que o caso seja acelerado.

    A Índia tem lutado durante anos para combater os elevados índices de violência contra as mulheres, com uma série de casos de estupro, atraindo atenção internacional para a questão.

    De acordo com o National Crime Records Bureau da Índia, um total de 31516 casos de estupro foram registrados em 2022, o que equivale a uma média de 86 casos por dia.

    Especialistas alertam que o número de casos registrados é apenas uma pequena fração do que pode ser o número real, tendo em vista um país profundamente patriarcal onde a vergonha e o estigma cercam as vítimas de estupro e suas famílias.

    Talvez o caso de maior repercussão na Índia nos últimos anos tenha sido o de estupro coletivo, em 2012, de um estudante de medicina, após um ataque brutal contra um ônibus público em Nova Deli.

    O caso e os protestos que se seguiram em nível nacional atraíram a atenção da mídia internacional – e levaram as autoridades a promulgar reformas legais.

    A lei de estupro foi alterada em 2013 para aumentar a definição do crime e estabelecer punições rigorosas não só para estupro, mas também para agressão sexual, voyeurismo e perseguição.

    Apesar destas mudanças, os casos de estupro continuam em alta no país, com as vítimas e seus advogados dizendo que o governo ainda não está fazendo o suficiente para proteger as mulheres e punir os agressores.

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