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    Dificuldade para amamentar: entenda os desafios e como superar

    É preciso identificar fatores que podem estar dificultando o aleitamento e realizar ajustes para promover maior bem-estar para mãe e bebê

    Gabriela Maraccinida CNN

    A importância da amamentação vai além da alimentação do bebê e do maior vínculo materno com o recém-nascido. O leite materno é essencial para a saúde da criança, já que é adaptado às suas necessidades, oferece nutrientes fundamentais para seu desenvolvimento e fornece proteção contra diarreias, infecções e alergias.

    A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que a alimentação do bebê seja feita exclusivamente pela amamentação até os seis meses de vida. Porém, algumas mulheres podem enfrentar dificuldades para amamentar e é preciso identificá-las e buscar ajudar para superá-las.

    Com a ajuda de especialistas, a CNN listou os desafios mais comuns da amamentação e como tratá-los. Confira:

    Dor ao amamentar

    De acordo com Jéssica Savani, enfermeira pediátrica e especialista em amamentação, um dos principais desafios relacionados é a dor ao amamentar, que pode vir acompanhada ou não de fissuras no mamilo. “Infelizmente, esse sintoma não é normal, e as mães que não participam de uma consultoria de amamentação antes de o bebê nascer passam muito por esse problema”, afirma.

    A especialista explica que, ainda na maternidade, a mãe pode não receber orientações adequadas sobre o aleitamento e, ao irem para casa, a dor pode surgir. “Oriento sempre a fazer a consultoria ainda na gestação e se preparar da maneira correta para a amamentação, assim como fazer o preparo da sua mama para este processo, evitando assim todos esses problemas”, sugere.

    De acordo com Tatiane Cicerelli Marchini, pediatra e neonatologista, especialista pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), entre as causas comuns de dor e fissuras nos mamilos estão:

    • Pega incorreta do bebê na mama;
    • Sucção forte ou frequente do bebê;
    • Infecções mamárias;
    • Pele dos mamilos seca ou insensível.

    Mamilo plano ou invertido

    De acordo com Roberta Simonaggio, ginecologista e obstetra especializada em reprodução humana pelo Hospital Pérola Byington, questões anatômicas, como mamilos planos ou invertidos, também estão entre os desafios comuns da amamentação.

    O mamilo plano é caracterizado por não ser protuberante e por ficar quase no mesmo nível da aréola, o que dificuldade a pega e sucção do bebê durante a amamentação. Já o mamilo invertido, ao invés de apontar para fora da mama, é retraído para dentro, também dificultando o aleitamento.

    Segundo orientações do Ministério da Saúde, nesses casos é necessário ajustar o bebê para abocanhar o mamilo e a aréola e testar diferentes posições que facilitem a pega. Massagear a mama antes de iniciar a amamentação, estimulando a saída do leite, pode facilitar na pega do bebê.

    Produção insuficiente de leite

    A baixa produção de leite pode ocorrer devido à desidratação da mãe, segundo Simonaggio. Por isso, é fundamental que a mulher mantenha uma hidratação constante. Além disso, cirurgias anteriores também podem dificultar a “descida do leite”, como mamoplastia redutora, prótese de mama e mastopexia, por exemplo.

    “Entre as causas comuns da baixa produção de leite estão a baixa frequência e duração da amamentação, que não sinaliza o corpo a necessidade de produzir mais leite; a pega incorreta do bebê; altos níveis de estresse e cansaço, que podem interferir na produção de leite devido à baixa produção de ocitocina, hormônio que ajuda na ejeção do leite”, complementa Marchini.

    Porém, existem, também, fatores psicológicos que podem afetar a produção de leite, aponta Savani. “Nesses casos, o problema pode ser revertido totalmente com o tratamento desses fatores psicológicos. Mas, no caso de cirurgias de mamas, infelizmente, não é possível conseguir um avanço e, às vezes, são necessários meios de nutrição via fórmula para auxiliar nesse processo”, afirma.

    Leite empedrado

    O leite empedrado, também conhecido como ingurgitamento mamário, acontece quando a mama produz mais leite do que o bebê consegue mamar. Segundo o Ministério da Saúde, o problema aparece quando a mama fica muito cheia a ponto de esticar a pele, causando o endurecimento da mama e a presença de caroços.

    “Em casos de leite empedrado, precisamos drenar esse leite e também avaliar o motivo de ele estar ali ‘empedrando’. Na maioria dos casos, utilizado a drenagem do leite, massagem e orientação de pega e posicionamento do bebê em seio materno para auxiliar a mãe”, explica Savani.

    Além disso, Marchini elenca outras dicas importantes para aliviar o ingurgitamento mamário, como: manter o contato do bebê pele com pele; massagear suavemente os seios antes e durante a amamentação; aumentar a frequência de aleitamento do bebê; realizar compressas frias após a amamentação; utilizar bombinhas para extrair o leite e aliviar as mamas; beber bastante água e tentar ter momentos de descanso.

    Dificuldade do bebê para sugar o leite

    O bebê também pode ter dificuldade para sugar o leite durante a amamentação, o que pode levar a outras condições relacionadas ao aleitamento, como vimos anteriormente. “Quando há dificuldade de sucção, podemos ter causas anatômicas, como o mamilo invertido ou plano, e fisiológicas, como o bebê não ter reflexo de sucção, o que é comum em casos de prematuridade, por exemplo”, afirma Simonaggio.

    Outros fatores relacionados à saúde do bebê também podem interferir na pega da mama e na sucção do leite, como língua presa (que limita os movimentos do bebê), cansaço ou fome excessiva do bebê e condições neurológicas ou musculares, segundo Marchini.

    “Se as dificuldades persistirem, é importante consultar um pediatra ou consultor de amamentação para uma avaliação detalhada do bebê e da mãe. Condições médicas subjacentes ou outros fatores podem estar relacionados e precisam ser abordados”, orienta a pediatra.

    Como tornar a amamentação mais tranquila para a mãe e para o bebê? Veja dicas importantes

    Para que o período de amamentação seja o mais tranquilo possível, tanto para a mãe, quanto para o bebê, é preciso que haja preparo e orientação desde o período pré-natal.

    “A gestante deve receber toda informação sobre o aleitamento materno. A puérpera deve ser estimulada a amamentar e ajudada, principalmente na fase inicial do puerpério. Enfim, toda a sociedade deve estar engajada na amamentação e deve incentivá-la, não aceitando falsas premissas”, afirma Simonaggio.

    Além disso, é importante lembrar que a amamentação é um período de adaptação para mãe e filho. “Temos um bebezinho que acaba de nascer e precisa aprender a se alimentar e temos uma mamãe em puerpério, que é um momento de fragilidade emocional e, com isso, precisamos trabalhar para que a amamentação aconteça da forma mais prazerosa possível para ambos”, observa Savani.

    Nesse sentido, a orientação da especialista é realizar a consultoria com um profissional especialista em amamentação. Por fim, Marchini também dá algumas dicas práticas para o momento da amamentação, como:

    • Escolher uma posição confortável, aproveitando o uso de travesseiros e almofadas para amamentação;
    • Criar um ambiente calmo e livre de estresse para realizar a amamentação, se possível;
    • Manter os mamilos hidratados para evitar rachaduras;
    • Manter uma alimentação balanceada e a hidratação constante com água;
    • Cuidar da saúde mental, investindo em técnicas de relaxamento, como meditação e respiração profunda, além de buscar apoio de um profissional de saúde mental, quando necessário.

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