Análise: Boulos e Nunes evitam Lula e Bolsonaro no debate da Band
Alvo de Boulos, Datena, Tabata e Marçal, prefeito adotou tom moderado em seu primeiro confronto na TV
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foram os sujeitos ocultos no debate da Band entre os candidatos a prefeito de São Paulo, realizado nesta quinta-feira (8).
O prefeito Ricardo Nunes (MDB), apoiado por Bolsonaro, e o deputado Guilherme Boulos (PSOL), aliado de Lula, não colocaram seus respectivos “padrinhos” no palco.
Nunes, que foi o alvo central dos adversários à esquerda e à direita, passou longe das agendas bolsonaristas, enquanto Boulos optou por deixar Lula em terceiro plano.
Em sua primeira participação em um evento do gênero, o prefeito enfrentou um paredão de questionamentos: da suposta violência doméstica contra a mulher dele, que estava na plateia (tema levantado por Tabata Amaral), à atuação do crime organizado no poder público, que é alvo de investigação policial.
O emedebista negou as acusações, manteve a frieza diante das críticas e tentou manter um tom propositivo e moderado.
A esperada ofensiva contra Nunes foi ofuscada pela metralhadora giratória de Pablo Marçal, que apostou na criação de factoides para gerar engajamento.
O empresário fez gestos com a mão para insinuar que Guilherme Boulos usa cocaína depois de dizer que revelaria no debate quais candidatos fazem uso da droga, falou palavrões e xingou adversários.
A estratégia acabou forçando uma reação contra Marçal, o que tirou Nunes do foco.
O candidato do PRTB reagiu com irritação ao ser questionado por Tabata Amaral (PSB) se usaria “sua experiência no crime” para governar São Paulo.
Marçal foi condenado em 2010 por furto qualificado e a investigação apontou que ele participou de uma organização criminosa que invadia contas bancárias pela internet.
O caso, porém, acabou prescrevendo.
“Essa adolescente que está aqui, que vive dizendo que defende as mulheres, precisa amadurecer um pouco”, rebateu Marçal.
Estreante em eleições, José Luiz Datena (PSDB) focou sua artilharia em Nunes, mas tentou equilibrar com farpas pontuais a Boulos, que foi apontado como satélite de Lula.
O candidato do PSOL foi questionado por temas que já estavam precificados pela campanha: a defesa de André Janones no caso das rachadinhas, a relação histórica da causa palestina com o PSOL e o “radicalismo” de sua biografia como ex-líder do MTST.
O candidato do PSOL também adotou um tom moderado para desviar da artilharia e classificou como “fake news” as acusações sobre apoio ao Hamas.
Mas evitou defender enfaticamente Lula.
A deputada Tabata Amaral (PSB) acabou na lateral do confronto e dividiu suas fichas entre críticas a Nunes e uma narrativa de terceira via.
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