Políticos alinhados ao bolsonarismo entraram em cena para tentar manter influência à direita na nova composição do Conselho Federal de Medicina (CFM), que conclui eleições internas nesta quarta-feira.

O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), o empresário Luciano Hang e o ex-ministro da Saúde Marcelo Queiroga aparecem em propaganda para o que consideram “a única chapa de direita de verdade” que disputa a eleição.

A CNN procurou os três para questionar se houve autorização prévia para o uso da imagem deles na campanha, mas ainda não teve retorno.

Os rostos conhecidos do bolsonarismo estampam o “santinho” do médico Francisco Cardoso, que se intitula “contra o PT, contra o Mais Médicos, contra a abertura de mais escolas médicas, contra a invasão do ato médico e a favor da vida”, conforme escreveu no X.

O CFM ganhou notoriedade recentemente, quando proibiu médicos de realizarem o procedimento da assistolia fetal após as 22 semanas de gestação, mesmo nos casos em que o aborto é considerado legal no Brasil.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), derrubou a resolução por entender que ela era incompatível com a Constituição Federal. O julgamento deve ser levado ao plenário até o fim do ano.

O CFM também abraçou pautas ideológicas ao alardear, na pandemia, a hidroxicloroquina como medicamento preventivo à Covid-19, o que não tem comprovação científica, ao mesmo tempo em que restringiu a prescrição de canabidiol.

Em reação, parlamentares do PT afirmam que a eleição é uma chance de renovar os quadros do CFM para que os representantes defendam a ciência, a democracia e o Sistema Único de Saúde (SUS).

Os novos membros do CFM serão eleitos para o período entre outubro de 2024 e setembro de 2029. A votação ocorre de maneira virtual entre esta terça e quarta-feiras. Cada unidade de federação elege dois conselheiros (titular e suplente).

O CFM informou que todos os médicos com cadastro atualizado e sem pendências são obrigados a votar, exceto os maiores de 70 anos (facultativo) e aqueles com atuação exclusiva no serviço militar (sem direito a voto).