Confluência de decisões levou à queda das bolsas, diz especialista à CNN
Economista-chefe da Azimut Brasil analisa o cenário econômico mundial e os fatores que contribuíram para a instabilidade nos mercados
A queda nas bolsas de valores ao redor do mundo tem gerado preocupação entre investidores e analistas econômicos. No programa WW desta segunda-feira (5), o economista-chefe da Azimut Brasil, Gino Olivares, analisou que uma confluência de decisões tomadas quase simultaneamente resultou no “tombo” do mercado global.
O economista destacou que, embora o movimento de carry trade – quando o investidor pega dinheiro emprestado em países onde a taxa de juros é baixa e aplica em mercados onde ela é mais alta – tenha desempenhado um papel significativo, outros fatores contribuíram para a situação atual.
“O Japão, depois de 35 anos, tem inflação de forma sustentada acima da sua meta e ele inicia o movimento”, explicou o economista. Ele ressaltou que, embora o movimento não fosse inesperado, foi marginalmente maior do que se esperava.
Nos Estados Unidos, por outro lado, o país enfrentou seu primeiro episódio de inflação em 40 anos, levando ao maior aperto monetário nesse período.
“Tivemos o Japão subindo juros um pouco mais do que o esperado e anunciando que vai reduzir o programa de compra de ativos significativamente, ao mesmo tempo que à tarde o Fed sinalizava que tudo indicava que na próxima reunião ele já começaria a cortar”, detalhou Olivares.
Impacto no mercado e perspectivas futuras
Outros fatores que contribuíram para a instabilidade, segundo análise, como o guidance das empresas de tecnologia indicando dificuldades em monetizar investimentos e dados mais fracos do que o esperado no mercado de trabalho.
“Talvez individualmente essas coisas não dariam, não seriam suficientes para deflagrar o movimento que observamos hoje, mas a conjunção de todas elas em um espaço tão curto do tempo, fez que as pessoas agissem por impulso”, analisou Olivares.
Apesar da queda inicial acentuada, o economista observou que os mercados já começaram a se recuperar, citando como exemplo o mercado acionário japonês, que após uma queda de 12%, já apresentava uma alta de 8% no dia seguinte.
Olivares concluiu sua análise ressaltando que este movimento é muito mais profundo do que apenas o carry trade, representando um “chacoalhão para todo mundo acordar” sobre as complexidades e interconexões da economia global atual.