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    Tensão segue elevada na Venezuela; há risco de novas prisões

    Nicolás Maduro critica pressão internacional após contestação do resultado da eleição presidencial

    Deisy BuitragoMaría Ramírezda Reuters

    Lojas e transporte público em toda a Venezuela não funcionaram na quarta-feira (31), com tensões sobre uma eleição presidencial contestada, rumores de mais prisões da oposição e violência esporádica mantendo muitas pessoas em casa.

    O presidente socialista Nicolás Maduro, que governa o país desde 2013, foi proclamado vencedor da votação de domingo pelo conselho eleitoral. Mas a oposição diz que a contagem de cerca de 90% dos votos mostra que seu candidato, Edmundo González, recebeu mais do que o dobro do apoio de Maduro.

    À medida que a disputa entrava em seu terceiro dia, em meio a crescentes pedidos de mais transparência, o governo insistiu que não havia produzido totais de votos abrangentes no nível das seções eleitorais devido a uma interferência no sistema originário da Macedônia do Norte, responsável pelo atraso prolongado, sem fornecer qualquer evidência para comprovar isso.

    O Carter Center, com sede nos Estados Unidos, um dos poucos observadores independentes autorizados a observar a eleição, anunciou em um comunicado na terça-feira (030) que a eleição “não pode ser considerada democrática”. O Carter Center disse que o processo foi tendencioso a favor de Maduro e que teve falhas em todo o processo, descrevendo o fato de a autoridade eleitoral não publicar resultados desagregados como uma “violação grave”.

    Em comentários transmitidos pela televisão estatal na quarta-feira, Maduro disse que rejeitava todas as ameaças, inclusive a possibilidade de novas sanções dos EUA.

     

    Maduro prometeu que seu partido socialista está pronto para divulgar todas as contagens de votos e disse que pediu ao tribunal superior para forçar os partidos de oposição a fazer o mesmo.

    Na manhã de segunda-feira, a autoridade eleitoral da Venezuela – que a oposição acusa de estar sob influência de Maduro – anunciou que ele ganhou outro mandato, atraindo 51% dos votos, com uma margem de sete pontos sobre González.

    Porém, pouco tempo depois, a principal aliança de oposição da Venezuela lançou um site com contagens detalhadas dos votos em nível de urna, abrangendo as contagens da grande maioria das 30.000 urnas eletrônicas do país, incluindo digitalizações de impressões de contagem de votos das urnas.

    No final da tarde de quarta-feira, o site mostrava o candidato da oposição González com 67% dos votos contra 30% de Maduro, representando quase 82% dos dados das seções eleitorais.

    A Reuters não pôde verificar a autenticidade de cada contagem individual. Pesquisas de boca de urna independentes, no entanto, mostraram uma margem de vitória semelhante para González.

    Enquanto isso, aumentou a pressão internacional sobre o governo para que divulgue os resultados completos, inclusive de pesos pesados da região, como os Estados Unidos e o Brasil.

    A disputa levou a protestos mortais e generalizados que Maduro e seus aliados nas Forças Armadas denunciaram como uma tentativa de golpe. A Human Rights Watch disse na quarta-feira que havia recebido relatos de 20 mortes em manifestações pós-eleitorais.

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