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    Clarissa Oliveira
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    Clarissa Oliveira

    Viveu seis anos em Brasília. Foi repórter, editora, colunista e diretora em grandes redações, como Folha, Estadão, iG, Band e Veja

    Velha guarda do PT critica nota pró-Maduro e vê “precipitação” do partido

    "Cabeças-brancas” do partido reprovaram deliberação pelo WhatsApp e conteúdo da nota em que o partido reconhece vitória do presidente venezuelano

    Aprovada sem divergências pela Executiva Nacional do PT, a nota pró-Maduro divulgada na noite do último domingo foi duramente criticada nos bastidores por muitos dos veteranos da legenda.

    Ex-presidentes do partido, dirigentes e ex-ministros ouvidos pelo blog evitaram, em sua maioria, se manifestar abertamente sobre o tema.

    Mas, sob reserva, muitos avaliaram que o comando partidário se precipitou no conteúdo, na forma e no momento escolhido para divulgação.

    Parte dos líderes ouvidos insistiram que o PT tem legitimidade para se posicionar, independentemente da opinião do presidente Lula. Mas apontaram que, considerando a relevância e o impacto político do assunto, o partido deveria ter aguardado.

    Mesmo considerando o apoio histórico do PT em apoio a Maduro, dois ex-presidentes do PT discordaram veementemente do posicionamento da sigla.

    Um deles ressaltou que, ao declarar a vitória de Maduro sem que a apuração estivesse concluída, o PT deu mote para a oposição. E ressaltou que há suspeita na demora na divulgação das atas de votação.

    Outro disse entender que todas as informações divulgadas até o momento sobre a eleição venezuelana são suspeitas, o que justificaria uma postura mais cautelosa.

    Muitos dos petistas ouvidos também criticaram a forma de deliberação da nota.

    Como o blog revelou ontem, a nota do PT foi produzida sem divergências dentro da Executiva, por meio de um grupo de WhatsApp. Os integrantes da comissão apenas fizeram sugestões de redação, mas concordaram de forma unânime com o conteúdo.

    Para um ex-ministro, este é um sintoma da perda de relevância da democracia interna do PT. Um assunto tão complexo, segundo ele, demandaria uma reunião da direção e uma discussão cuidadosa sobre os acontecimentos na Venezuela.

    Na contramão de outros líderes, José Dirceu afirmou ao blog que considerou a nota do PT “correta”.

    “Não fala em nome do governo, mas do partido. E tem um parágrafo, na prática, pedindo as atas”, afirmou Dirceu, em referência à demanda para que o governo de Maduro divulgue a integralidade das atas de votação.

    Dirceu também expôs seu posicionamento a respeito das eleições na Venezuela. O ex-ministro compartilhou com o blog uma nota que também divulgou a outros veículos, na qual defende Maduro.

    “Não podemos fazer como setores da mídia brasileira, que parte do princípio de que Maduro não pode vencer e se venceu é porque houve fraude”, escreveu Dirceu, comparando os acontecimentos na Venezuela a alegações de fraude eleitoral feitas por apoiadores de Jair Bolsonaro em 2022 e de Aécio Neves em 2014.

    “Precisamos aguardar a conferência das atas e não dar razão à oposição, muito menos às manifestações violentas.”

    Outro ex-presidente do PT também se manifestou a respeito das eleições na Venezuela. Ontem, em sua conta no X, Tarso Genro colocou em questão o reconhecimento da vitória de Maduro.

    “Não podemos desperdiçar a experiência. Se o TSE [Tribunal Superior Eleitoral] definisse quem ganhou aqui no Brasil com 70% dos votos apurados, Bolsonaro seria presidente. Itamaraty faz muito bem em pedir o exame das atas para assumir uma posição sobre a lisura das apurações”, disse Genro.

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