Dólar e Ibovespa recuam em sessão de correção e prévia da inflação pior que o esperado
Sessão também é marcada por correção de divisa dos EUA e desafios para emergentes
O Ibovespa engatou a terceira queda seguida e o dólar perdeu força ante o real nesta quinta-feira (25), em nova sessão de desafios para emergentes e com mercados corrigindo posições.
No noticiário de indicadores, dados da prévia da inflação no Brasil acima do esperado reforçam as apostas de manutenção dos juros no atual patamar na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, na próxima semana — enquanto visões mais pessimistas já colocam no radar movimento de elevação da taxa.
No cenário internacional, mercados repercutiram dados do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA acima do esperado, enquanto o pedido de auxílio-desemprego ficou abaixo das expectativas.
O principal índice do mercado brasileiro fechou a sessão com perda de 0,37%, aos 125.954 pontos, em meio ao clima misto das bolsas em Wall Street com pressão de ações de tecnologia.
Em movimento de correção, o dólar perdeu 0,17% ante o real, negociado a R$ 5,647 na venda, um dia depois de ter passado de R$ 5,65, o segundo maior patamar de fechamento neste ano.
IPCA-15 surpreende para cima
A prévia da inflação de julho desacelerou para 0,3%, segundo dados do Índice de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15). Apesar da queda, o resultado ainda ficou acima do esperado pelos analistas.
Em 12 meses, o indicador subiu para 4,45%, de 4,06% em junho e expectativa de 4,38%, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A meta para a inflação em 2024 é de 3%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.
O resultado vem menos de uma semana antes da decisão do Copom, que em junho manteve a Selic em 10,5% ao ano.
“Com esse dado acima do esperado, fica difícil ver o Copom diminuindo os juros no Brasil. Acredito que na próxima semana teremos uma manutenção da taxa Selic no patamar atual em 10,5%”, explica Fabio Louzada, economista, planejador financeiro e fundador da Eu me banco.
Em uma visão mais pessimista, parte do mercado já começa a considerar a possibilidade de movimento para cima das taxas.
“Um cenário quase que otimista agora é a manutenção da Selic em 10,50% até o final do ano. Praticamente impossível a Selic cair e muita gente começa a falar em alta de juros”, disse o economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala, em comentário enviado a clientes.
“Em alguns momentos a curva de juros embutiu alta da Selic, e já começa a embutir de novo. Com este IPCA do jeito que está, é impossível imaginar o Copom cortando juros ainda este ano e começa a ser possível imaginar o BC subindo juros este ano”, reforçou.
Cenário global
Mercados ainda repercutiam a piora nas perspectivas econômicas da China, maior importador de matérias-primas do planeta, o que impactava em preços de commodities e, por consequência, no apetite por risco em países emergentes.
Agentes financeiros também observavam de perto a recuperação do iene sobre o dólar, movimento que perdia força nesta sessão, mas que vinha levando à desvalorização de moedas emergentes ao longo da semana.
Mais cedo, o Departamento de Comércio norte-americano mostrou que o PIB cresceu 2,8% no último trimestre na taxa anualizada, acima da expectativa do mercado.
Já dados de auxílio-desemprego recuaram em 10.000 na semana encerrada em 20 de julho, para 235.000 em dado com ajuste sazonal, caindo acima do esperado.
*Com Reuters