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    Brasil entra em pacto de financiamento para combater mudanças climáticas, diz Haddad

    Quadro global de financiamento climático visa atingir metas do Acordo de Paris

    João Nakamurada CNN São Paulo

    O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou nesta quarta-feira (24) que o Brasil se uniu aos países signatários do Quadro Global de Financiamento Climático, firmado durante a 28ª Conferência das Partes (COP28) das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, realizada em 2023 nos Emirados Árabes Unidos.

    Em fala durante o evento “Emirados Árabes Unidos COP28-G20 Brasil Finance Track: Tornando o financiamento sustentável, disponível e acessível”, Haddad defendeu a aproximação entre as pautas das duas cúpulas.

    “O instrumento se conecta com alguns dos principais compromissos da presidência brasileira do G20, na trilha financeira, ao contribuir para tornar o financiamento climático mais disponível e acessível para todos”, enfatizou o ministro.

    Nesta semana, os ministros de Finanças e os presidentes dos Bancos Centrais do grupo das 20 maiores economias do mundo (G20) se reúnem no Rio de Janeiro. Entre os principais temas colocados à mesa estão as medidas para reduzir os impactos das mudanças climáticas.

    O encontro desta quarta reuniu, além de Haddad, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva; o ministro das Finanças do Azerbaijão, Samir Sharifov; e o ministro dos Assuntos Financeiros dos Emirados Árabes Unidos, Mohamed Al Hussaini.

    Compromisso global

    Haddad defendeu que eventos recentes, como as chuvas no Rio Grande do Sul, mostram como esse é um “momento crítico”, no qual “a urgência nunca foi tão grande” para se discutir as mudanças climáticas num âmbito global.

    “Até 2050, cerca de 4,4% do PIB mundial será perdido anualmente na ausência de medidas de adaptação. As ações que realizarmos com o G20 e a COP definirão o legado que deixaremos para as futuras gerações”, enfatizou o ministro.

    Apoio aos emergentes

    Em fala anterior à de Haddad, Marina Silva reforçou que o momento atual não permite mais que o combate às mudanças climáticas se limite a ações locais, e requer um esforço global.

    A ministra do Meio Ambiente defende que se olhe por um caminho de “justiça climática, de uma transição justa e responsável”. Nesse sentido, ela aponta para a necessidade dos países desenvolvidos apoiarem os emergentes.

    A ministra diz que é necessário olhar para “quem contribuiu menos” com os impactos no meio ambiente, estes países que por sua vez são mais vulneráveis e “são mais afetados”.

    “[Precisamos ter] clareza de que os países em desenvolvimento precisam de ajuda, e que os desenvolvidos devem liderar essa corrida para termos uma agenda robusta de mitigação, adaptação e, sobretudo, de transformação de nossos modelos de desenvolvimento”, pontuou Marina.

    “Devemos honrar com os compromissos do Acordo de Paris para ajudar países de renda baixa e renda média-baixa a fazerem a sua transição. São investidos cerca de US$ 4 trilhões a US$ 6 trilhões naquilo que vai na contramão dos resultados que queremos alcançar, e não fomos capazes de alcançar os US$ 100 bilhões para a transformação. Os países ricos devem liderar essa corrida e os em desenvolvimento devem seguir. Todos temos nossas responsabilidades”, concluiu.

    De acordo com dados da Agência Internacional de Energia (AIE), apresentados por Haddad em sua fala, 44% dos recursos investidos em energia são direcionados aos países desenvolvidos, enquanto outros 39% ficam somente na China.

    Já os países emergentes e subdesenvolvidos recebem, respectivamente, cerca de 14% e 2% dos recursos totais. Quando o assunto são os investimentos em matriz energética limpa, os emergentes ficam com 15% dos recursos, enquanto comportam dois terços da população mundial.

    Oportunidades econômicas

    O ministro dos EAU, Mohamed Al Hussaini, apontou durante sua fala que “o mundo espera que o G20 encontre soluções para os principais desafios enfrentados”, e que todos os tipos de financiamento – públicos, privados e filantrópicos – serão necessários para se atingir as metas do Quadro de Financiamento de dobrar a eficiência energética, triplicar a matriz limpa e reverter o desmatamento até o final dessa década.

    Mas além de mitigar os riscos das mudanças climáticas, Haddad reforçou que os investimentos buscam “aproveitar as oportunidades que economia verde oferece”.

    “Em um mundo no qual o desenvolvimento socioeconômico e a sustentabilidade caminham juntos, a transição [sustentável] é uma fonte de convergência econômica”, afirmou o ministro da Fazenda.

    Entre os passos já tomados no país, Haddad aponta para o Plano de Transformação Ecológica, que além de fomentar a economia promove equidade social, de acordo com o ministro.

    “O Plano de Transformação Ecológica abrange uma série de medidas políticas em investimentos destinadas a descarbonizar a nossa indústria, promover uma agricultura sustentável, proteger nossa valiosa biodiversidade e fomentar a inovação verde”, explicou.

    “Ao fazer isso, pretendemos criar oportunidades econômicas, gerar empregos sustentáveis e garantir o bem-estar de nossos cidadãos, enquanto protegemos o nosso patrimônio cultural.”

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