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    Teo Cury
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    Teo Cury

    Explica o que está em jogo, descomplica o juridiquês e revela bastidores dos tribunais e da política em Brasília. Passou por Estadão, Veja e Poder360

    Abin: escolha de delegado para corregedoria foi feita após desconfiança de Moraes e Gonet

    Ministro e procurador-geral foram contra o compartilhamento de provas com a corregedoria da agência alegando que “foram identificadas ações das novas gestões da Abin” para obstruir investigações

    A escolha de um delegado da Polícia Federal para chefiar a Corregedoria-Geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) foi feita duas semanas depois de o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e o procurador-geral da República, Paulo Gonet, demonstrarem desconfiança com a atual gestão da agência.

    O delegado Jose Fernando Moraes Chuy foi indicado para substituir a atual corregedora Lidiane Souza dos Santos. A escolha, que ainda não foi formalizada, desagradou servidores da Abin e investigadores da própria PF.

    Chuy é considerado um nome ligado ao ministro. O delegado chefiou a Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por um ano durante a presidência de Moraes.

    Também comandou a Divisão de Doutrina e Capacitação em Inteligência da Diretoria de Inteligência Policial da PF e foi coordenador de Enfrentamento ao Terrorismo da Diretoria de Inteligência Policial.

    No início do mês, Moraes negou um pedido feito pela PF para que as provas da investigação que apura um suposto esquema de arapongagem na agência durante o governo Bolsonaro fossem compartilhadas com a corregedoria da Abin.

    A PF queria que a corregedoria tivesse acesso aos elementos para instruir eventuais procedimentos administrativos ou sindicâncias em andamento contra seus servidores.

    O ministro concordou com o posicionamento da Procuradoria-Geral da República (PGR). Paulo Gonet sustentou que a medida não seria “recomendável”, uma vez que “foram identificadas ações das novas gestões da Abin” para obstruir as investigações.

    Para Gonet, há indicativos “da intenção de evitar a apuração aprofundada dos fatos” e de uma “aparente resistência identificada no interior da Abin”, o que está sendo apurado no âmbito da Controladoria-Geral da União (CGU).

    O procurador-geral da República cita que a própria PF enfatizou que um agente investigado pela Abin teria tentado uma interlocução com parlamentares “com o possível intuito de embaraçar as investigações”.

    O compartilhamento das provas com a corregedoria da Abin, na avaliação de Gonet, só pode ocorrer depois do fim das apurações. Moraes concordou: “Tal diligência não se mostra apropriada para o atual estágio das investigações”.

    Em janeiro, a PF citou “possível conluio” entre parte dos investigados no esquema que teria vigorado durante o governo Bolsonaro e a atual diretoria da Abin, “o que causou prejuízo” para a investigação.

    A PF disse que, já sob o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), diretores da Abin manifestaram “revolta” com a exposição de dados sensíveis – o que, na verdade, seria um “temor da progressão das investigações”.

    O relatório apontava que o então diretor adjunto da Abin, Alessandro Moretti, teria se reunido com os investigados e dito que a investigação tinha “fundo político e iria passar”.

    Moretti, em seguida, foi exonerado por Lula. Na época, defendeu-se dizendo que foi na sua gestão que tiveram início os trabalhos de apuração interna relacionados ao uso ilegal da ferramenta FirstMile.

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