Donos de Toyota Mirai processam montadora por indisponibilidade de hidrogênio
Veículo é primeiro carro movido pela substância a ser produzido em série; ele é vendido apenas na Califórnia, onde proprietários enfrentam problemas para abastecer
Em uma ação coletiva, pessoas que possuem um Toyota Mirai estão processando a montadora por “conduta ilegal”. O motivo seria uma propaganda enganosa da empresa ao vender o carro a hidrogênio dizendo que o abastecimento seria tão fácil quanto o de um veículo movido à gasolina.
Vendido apenas na Califórnia, nos Estados Unidos, os proprietários do Mirai alegam que precisam percorrer longas distâncias até achar um posto de hidrogênio, que, na maioria das vezes, não tem o combustível disponível ou está inoperante por algum problema.
A principal falha relatada é o congelamento das bombas. Após o abastecimento, o bico congela, e os motoristas precisam esperar cerca de 30 minutos até que possam desconectar a mangueira de forma segura.
Fora isso, ainda há o problema de disponibilidade, que faz o hidrogênio ficar “dias indisponíveis”. Essa questão pode ficar ainda pior, já que a Shell anunciou recentemente que fechará 55 postos de hidrogênio na Califórnia devido a problemas de abastecimento na rede.
O preço da substância como combustível também é salgado, tendo registrado um aumento de 200% nos últimos dois anos. Em 2022, pagava-se U$ 12 (cerca de R$ 67) por quilo de hidrogênio, mas, atualmente, o preço médio está na casa dos U$ 36 (R$ 200).
Isso afetou diretamente os donos do Mirai, afinal, a Toyota deu como “brinde” um cartão de abastecimento com U$ 15 mil de saldo (cerca de R$ 84 mil). Segundo a montadora, ele deveria garantir o tanque cheio por pelo menos cinco anos, algo que não deve acontecer com o aumento do preço. O caso fica ainda pior, já que muitos reclamam que o “vale abastecimento” é incompatível com a maioria dos postos.
A lista de reclamações não para por aí. Os proprietários também acusam a Toyota de mentir em relação à autonomia divulgada. No caso do Mirai Limited são 575 km declarados, enquanto no topo de linha, XLE, são 675 km. Mas, na prática, os motoristas dizem que o valor real é até 160 km menor.
Com tantos problemas, os donos de Mirai dizem que o carro é “praticamente inutilizável para o dia a dia”. Muitos ainda afirmam que, quase sempre, precisam de um meio de transporte alternativo ou chamar um guincho.
O Mirai é fruto de um projeto para utilização de hidrogênio que a Toyota desenvolve desde 1992 e é o primeiro carro produzido em série no mundo que utiliza este combustível. Sua primeira geração foi lançada em 2015 e a segunda em 2020. A comercialização e aluguel do modelo é restrita à Califórnia, mas o modelo sedã já chegou a ser vendido em outros locais, como no Japão.