Partidos agilizam convenções em meio a impasses para eleições municipais
Em São Paulo, no Recife e em Maceió, partidos realizam convenções no primeiro dia possível do calendário eleitoral, em 20 de julho
Em meio a impasses diversos a serem superados, alguns partidos optaram primeiro dia possível do calendário eleitoral para realizar suas convenções.
É o que acontece no sábado (20), por exemplo, com:
- o União Brasil em São Paulo
- a federação PSOL-Rede no Recife
- e a federação Brasil da Esperança (PT-PCdoB-PV) em Maceió
Na capital paulista, o União tem, de um lado, o deputado federal e pré-candidato à prefeitura Kim Kataguiri, e, de outro, o vereador Milton Leite, presidente do diretório municipal da legenda e da Câmara Municipal.
Kataguiri tem sua pré-candidatura endossada pela direção nacional da legenda, que a entende como estratégica para a pretensão do partido de lançar o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, à Presidência da República em 2026.
Leite, porém, é mais comprometido com questões da política paulistana do que com articulações em Brasília — ele está na Câmara Municipal desde 1997.
Até o prefeito se aproximar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e guinar à direita, Leite era o principal aliado de Ricardo Nunes (MDB) na prefeitura.
Nas últimas semanas, o vereador colocou a aliança com Nunes em xeque ao ir à imprensa reclamar da relação que vinha tendo com o prefeito, que já anunciou um indicado de Bolsonaro para a vice de sua chapa — posto pleiteado por Leite.
Nunes e Leite devem se reunir nesta sexta-feira (19), na véspera da convenção que decidirá os rumos do União na capital, apurou a CNN.
E em meio a tudo isso, na quinta (18), uma peça gráfica com a foto do vereador e a chamada “Milton Prefeito” começou a circular entre integrantes da Executiva paulistana da legenda.
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Milton Leite não voltou a falar diretamente à imprensa sobre por que estaria insatisfeito com Nunes. Procurado pela CNN, ele ainda não se manifestou. A expectativa é de que o vereador só fale abertamente sobre a situação no dia da convenção.
Embora sua relação com Nunes venha sendo de idas e vindas e seu partido já tenha conversado com o empresário e também pré-candidato Pablo Marçal (PRTB), Milton Leite pouco fala sobre Kataguiri.
Fontes do partidos disseram à CNN que o vereador não quer dar impulso à pré-candidatura do deputado por receio de ser “trucado” pela direção nacional do União, que poderia pressioná-lo a lançar o parlamentar.
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Articulações e federações
Em Maceió e no Recife, as federações capitaneadas por PT e PSOL se assemelham por terem pré-candidaturas lançadas, mas a pedra no sapato das duas são diferentes: uma resolução vinda de cima, no primeiro caso, e uma pré-candidatura dissidente, no segundo.
O PT de Maceió lançou o nome Ricardo Barbosa à prefeitura da capital alagoana, mas sua pré-candidatura foi colocada em compasso de espera após a direção nacional do partido acionar uma resolução interna, que diz que a palavra final sobre capitais depende de um aval de cima.
A federação Brasil da Esperança tem sido demandada para formar parte da coligação de Rafael Brito (MDB), o pré-candidato do grupo do senador Renan Calheiros (MDB), aliado de primeira hora do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em Alagoas.
Na capital alagoana, a federação deve realizar sua convenção no sábado e até indicar o nome de Barbosa, mas uma reunião na semana seguinte, envolvendo a direção nacional do PT, deve sacramentar a oficialização ou o descarte da candidatura, apurou a CNN.
Já no Recife, a federação PSOL-Rede tem definida, desde maio, uma chapa composta pela deputada estadual Dani Portela (PSOL), na cabeça, e Alice Gabino (Rede), na vice, mas o deputado federal Tulio Gadêlha (Rede) segue se afirmando pré-candidato.
Na semana passada, a Rede aprovou uma resolução classificando como infidelidade partidária os casos de filiados que não apoiam as definições eleitorais da legenda – neste caso: a pré-candidatura de Tulio.
“A Rede tem direito a colocar um nome”, disse à CNN a presidente do diretório municipal da legenda, Luciana Nunes.
A dirigente afirma que, seguindo resolução de abril da direção nacional da federação, como Recife é uma cidade com mais de 200 mil habitantes em que não há consenso, decisões sobre candidaturas e coligações devem passar pela instância nacional – e este tem sido o argumento mais utilizado por Tulio para defender sua pré-candidatura.
“É direito do nosso partido recorrer dessa decisão”, afirma Tulio, em vídeo encaminhado à CNN por sua assessoria.
Segundo Luciana, a resolução da Rede apenas define que, enquanto a sigla estiver pleiteando um filiado como candidato pela federação, os membros do partido devem acompanhar a legenda.
“Se a decisão da federação for pela Dani, a Rede vai apoiar, com certeza”, afirma.
Na instância municipal do grupo, a expectativa é de que não haja interferência no processo local. Presidente do diretório da federação no Recife, Luiza Carolina diz que o PSOL – seu partido – “tem muito apreço” pela federação e pela Rede e que a disputa no Recife “é específica com o Tulio”.
“É importante ratificar essa posição (chapa Portela-Gabino) o mais rápido possível”, diz. “A gente já tem um processo de construção, e não há mais espaço para disputas midiáticas”, acrescenta.