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    Indústria aponta falhas em estudo sobre álcool em pães de forma; autor rebate

    No estudo, intitulado "Tem álcool no seu pão de forma", a Proteste analisou dez marcas e concluiu que, se os pães fossem bebidas, pela legislação, seis delas seriam consideradas alcoólicas

    Layla Shasta, do Estadão Conteúdo

    Um estudo recente da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste) chamou a atenção ao mostrar a presença de teor alcoólico acima do esperado em algumas marcas de pão de forma populares no Brasil. Em meio à questão, a Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (Abimapi) divulgou nota nesta segunda-feira (15) na qual aponta falhas e inconsistências no estudo da Proteste.

    No estudo, intitulado “Tem álcool no seu pão de forma”, a Proteste analisou dez marcas e concluiu que, se os pães fossem bebidas, pela legislação, seis delas seriam consideradas alcoólicas, já que ultrapassaram o valor de 0,5% de teor alcoólico em sua composição. A causa disso seriam os altos teores de agentes conservantes antimofo.

    A entidade da indústria questionou essa informação, bem como a de que o consumo de parte dos produtos analisados poderia acarretar em problemas em testes de bafômetro.

    “Na conclusão, a Proteste comparou seus resultados com valores descritos em legislações de bebidas alcoólicas, sem estabelecer relação do possível álcool presente em alimentos e o álcool das bebidas alcoólicas”, afirmou.

    Além disso, segundo eles, os resultados do teor alcoólico nos pães de forma foram comparados com o teste de bafômetro sem considerar a ingestão dos pães, e “a comparação foi feita apenas por uma regra de três, o que é inadequado”, completou.

    Também segundo a instituição, a pesquisa é assinada por um profissional que não apresenta o número de registro no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA).

    Ainda de acordo com a Abimapi, a Proteste mencionou apenas a técnica de análise e não uma metodologia validada por órgão competente. A associação disse também que a indústria não teve oportunidade de avaliar contraprovas, pois os lotes já estavam vencidos no momento da publicação.

    A associação diz ainda que “não há menção da data da primeira análise, tampouco da data de validade dos produtos utilizados na amostra, dificultando a verificação da validade e atualidade dos resultados’.

    O que diz a Proteste

    Segundo a associação de defesa do consumidor, o teste foi realizado por laboratório devidamente acreditado no Inmetro e no Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). A instituição explica que o teste foi assinado e conduzido por responsável técnico e que a metodologia utilizada pelo laboratório parceiro foi a de “cromatografia a gás” com detecção no headspace (gás volatizado) da quantidade de etanol na amostra.

    A Proteste informou ainda que encaminhou todos os laudos para Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para que a autoridade adote as medidas legais e administrativas cabíveis.

    “A nota de discordância da Abimapi faz parte do Estado Democrático de Direito, entretanto, entendemos que a referida associação também deveria se preocupar com os resultados dos testes em questão”, disse a Proteste, em nota.

    Além disso, a associação afirma que, ao divulgar os resultados dos testes, apenas exerce o direito constitucional à informação e que qualquer tentativa de impedir essa informação deve ser considerada uma censura.

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