Caso Marielle: Rivaldo diz ao Conselho de Ética que nunca teve contato com irmãos Brazão
"Única coisa que fiz foi indicar o delegado que prendeu o Ronnie Lessa", declarou ex-chefe da Polícia Civil do RJ
Em depoimento ao Conselho de Ética da Câmara nesta segunda-feira (15), o delegado Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, afirmou que nunca teve contato com os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão, investigados pela morte da vereadora Marielle Franco e Anderson Gomes.
Rivaldo é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por supostamente planejar o assassinato da vereadora ao lado dos irmãos Brazão.
“Quero deixar uma coisa clara aqui. Desde o dia 31 de maio de 1969, o dia que eu nasci, eu nunca falei com nenhum irmão Brazão. Algo profissional, político, religioso ou de lazer. Eu nunca falei com essas pessoas na minha vida. Eu não existo para eles e eles não existem para mim. Eu nunca na minha vida falei com essas pessoas”, afirmou Rivaldo.
O depoimento desta segunda faz parte do processo de cassação do mandato do deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido-RJ). Ele é acusado de quebra de decoro parlamentar pelo suposto crime contra Marielle e Anderson.
De acordo com as investigações, Rivaldo foi responsável por indicar o delegado Giniton Lages para a apuração do Caso Marielle na Polícia Civil do Rio de Janeiro. Giniton é acusado de atrapalhar o curso das investigações para proteger os mandantes do crime.
Em 2019, Giniton, então chefe da Delegacia de Homicídios do Rio de Janeiro, estava à frente da investigação quando Élcio de Queiroz e Ronnie Lessa, acusados de efetuar os disparos e dirigir o carro usado no dia do crime, foram presos.
“Quando [os policiais] foram na minha casa, dei meu celular, meu computador, dei tudo, dei senha. Sabe o que aconteceu? Não encontraram nenhum contato meu com esses irmãos. Eu estou aqui há quase quatro meses. E a única coisa que eu fiz foi indicar o delegado que prendeu o Ronnie Lessa com provas técnicas”, afirmou Rivaldo em depoimento ao Conselho de Ética.
Barbosa disse também que lutou contra milícias no Rio de Janeiro: “A milícia hoje no Rio de Janeiro é um câncer, um mal, uma coisa muito horrível que faz com que mortes aconteçam. Eu lutei muito contra essa milícia e hoje estou aqui em razão disso. A milícia hoje no Rio de Janeiro é um câncer que faz com que muitas pessoas sejam mortas, inclusive a vereadora Marielle e o motorista Anderson”, afirmou.
Rivaldo está preso desde março e prestou depoimento por meio de videoconferência, autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Processo no Conselho de Ética
A ação contra Chiquinho Brazão foi apresentada ao Conselho de Ética pelo PSOL. A relatora do caso é a deputada Jack Rocha (PT-ES).
Chiquinho Brazão está preso desde março deste ano e é réu no STF, junto ao irmão Domingos Brazão, pelo homicídio da vereadora do Rio Janeiro Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em março de 2018.
Além de Rivaldo, nesta segunda-feira também foram marcados os depoimentos de Willian Coelho (DC-RJ), vereador da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, Paulo Ramos, ex-deputado federal, e Carlos Alberto Lavrado Cupello, ex-vereador conhecido como Tio Carlos.
Domingos Brazão deve ser ouvido na terça-feira (16), mesmo dia que está marcada a oitiva do próprio Chiquinho.