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    Clarissa Oliveira
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    Clarissa Oliveira

    Viveu seis anos em Brasília. Foi repórter, editora, colunista e diretora em grandes redações, como Folha, Estadão, iG, Band e Veja

    Análise: Investigações sobre Abin Paralela e Apex apontam Estado a serviço do bolsonarismo

    Investigações abalam credibilidade das agências e desmontam tese que foi tudo “coisa de aloprado”

    Servidores recrutados para espionar adversários do governo, reuniões para discutir planos para blindar filhos do então presidente de investigações, horário de expediente dedicado a catalogar e fotografar joias desviadas da União e até emprego de fachada para amigo da família.

    Esses são apenas alguns exemplos de como duas das mais importantes agências do País teriam sido aparelhadas para atender aos interesses do bolsonarismo, segundo as investigações que correm contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seu grupo político.

    Ambos os casos já eram conhecidos. Sabia-se que a estrutura da Abin havia sido usada em uma arapongagem contra adversários do governo. E sabia-se também que o escritório da Apex em Miami serviu de base para que Mauro Lourena Cid operasse a suposta venda de joias no exterior. Mas, até esta semana, o bolsonarismo ainda tratava tais episódios como banais.

    “Coisa de aloprado”

    Lá atrás, um aliado próximo de Bolsonaro chegou a descrever o caso da Abin, em conversa com o blog ,usando o seguinte termo: “Coisa de aloprado”.

    A argumentação é relativamente simples e segue a mesma linha de casos como a venda de joias sauditas: servidores e auxiliares teriam agido por conta própria, por “excesso de iniciativa”, sem o conhecimento de Bolsonaro ou de sua família.

    A mesma teoria usada para rebater outras acusações lançadas contra o ex-presidente e seus aliados.

    Os relatórios divulgados pela PF e pela Apex nesta semana contrariam a essência desse argumento. São listados diversos elementos para sustentar a tese de que Bolsonaro sabia.

    Mais do que isso, na visão dos investigadores, a operação de todo um esquema de favorecimento era feita a partir do Palácio do Planalto.

    A ideia de que a Abin teria sido transformada num QG de arapongagem retira a credibilidade de um dos órgãos mais importantes para a soberania nacional.

    Trata-se da agência responsável por toda a inteligência governamental. Um órgão que dispõe de recursos, acesso a informações sigilosas, ferramentas de espionagem.

    A Apex, por sua vez, tem papel importante na imagem do País no exterior. Tem a responsabilidade de promover produtos brasileiros lá fora e criar as bases para desenvolver o comércio internacional do País.

    É um órgão que já se viu envolto em polêmica mais de uma vez e cuja estrutura se espalha por diversos países. Deveria ser fiscalizado de perto. Mas, em vez disso, descobre-se somente agora que Ricardo Camarinha, médico de Bolsonaro, teria sido contratado como funcionário fantasma no escritório da empresa em Miami.

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