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    Mari Palma
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    Mari Palma

    Sou jornalista, com pós em moda, neurociência e comportamento. Também sou embaixadora da Marvel, fã de Friends e Beatles, 4 vezes tia e mãe de cachorro

    #CNNPop

    Traição de Yuri a Iza: a gente chora mares e rios, mas não se afoga não

    O fim da “fantasia da vida em família” de Iza e como nós, mulheres, podemos nos proteger

    Há alguns dias, a gente viu a notícia do fim do relacionamento da Iza com o Yuri Lima, jogador de futebol do Mirassol. Ela fez um vídeo comunicando o término e disse: “eu queria pedir pra vocês respeitarem o meu momento, afinal de contas estou grávida, e nunca pensei em passar por isso. Resolvi vir aqui falar que estou bem, na medida do possível. (…) Ele me traiu — não acredito que estou falando isso. Ele mantinha contato com uma pessoa que ele já se envolveu. E, para mim, isso já é uma quebra de confiança enorme”.

    O que mais me impressionou nesse vídeo foi a força dela. Imagina a coragem que ela precisou ter pra dividir um momento tão doloroso e íntimo com milhões de pessoas. Um episódio que, infelizmente, acontece com muitas mulheres. O fim da “fantasia da vida em família”, como pontuou muito bem a Luana Piovani no vídeo que ela fez. Tudo isso no meio da gestação, um período que é, por si só, repleto de mudanças emocionais.

    Pra entender um pouco mais o impacto que isso pode causar na saúde emocional da mãe, eu conversei com a Ana Canosa, que é psicóloga e sexóloga. “Quando você tem um projeto a dois, você espera comprometimento da outra parte. Você coloca energia e espera que a outra pessoa faça o mesmo. Mesmo que o projeto de parentalidade não envolva morar junto, ou manter uma vida afetiva a dois, é preciso seguir o caminho na função objetiva e emocional do papel a que se propõe assumir. Ao dar às costas a gestação de uma mulher, um homem quebra o seu compromisso com a função paterna, o que faz as mulheres sentirem-se abandonadas ou desamparadas”.

    Não, ninguém está dizendo aqui que o Yuri vai deixar de cumprir seu papel de pai agora, durante a gravidez, ou depois do nascimento da Nala — apesar de o histórico masculino não ser muito favorável.

    Só que todo mundo sabe o quanto é difícil quebrar o ciclo do machismo, ainda muito forte em nossa sociedade, especialmente quando falamos dos papéis na parentalidade.

    “Mulheres e homens foram criados pra papéis diferentes. Como isso trouxe a gente até esse momento, em que a mulher precisa ser mãe e o homem pode ‘escolher’ ser pai?” Essa é uma longa história, a divisão dos papéis sexuais, da dupla moral, do patriarcado, da religião. Homens ocuparam os espaços públicos, mulheres os espaços privados. Isso fez com que muitos homens não se aproximassem da função de cuidado e intimidade, valorizando em demasia os desejos individuais. Então, fica difícil assumir a função paterna, compartilhar, dividir, cuidar”, pontua Ana Canosa.

    Agora, a questão que fica é: se até uma mulher bem-sucedida e poderosa como a Iza está sujeita a essa quebra de confiança, como nós, mulheres, podemos nos blindar e tentar nos proteger?

    A solução, me diz Ana Canosa, não está em um indivíduo só, mas em toda a sociedade. “Educação baseada na igualdade de gênero, consciência, responsabilidade, planejamento familiar e direito ao prazer. Para todos e todas”, conclui Ana Canosa.

    Enquanto a gente vai fazendo nossa função diária de educar as crianças ao nosso redor para uma visão igualitária dos gêneros, o que nos resta é nos inspirar na força da Iza, como ela canta em “Dona de Mim”:

    Me perdi pelo caminho
    Mas não paro, não
    Já chorei mares e rios
    Mas não afogo, não
    Sempre dou o meu jeitinho
    É bruto, mas é com carinho
    Porque Deus me fez assim
    Dona de mim

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