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    Polícia Federal diz que Bolsonaro liderou esquema de desvio de joias

    A Polícia Federal concluiu que o ex-presidente Jair Bolsonaro sabia, ordenou e recebeu dinheiro vivo da operação de venda de joias e presentes valiosos que ganhou em viagens de Estado

    A Polícia Federal concluiu que o ex-presidente Jair Bolsonaro sabia, ordenou e recebeu dinheiro vivo da operação de venda de joias e presentes valiosos que ganhou em viagens de Estado. Nas mais de duas mil páginas do inquérito, a conclusão é de que as provas evidenciam uma “associação criminosa voltada para a prática de desvio de presentes de alto valor”.

    Quem mais ajudou na investigação foi exatamente quem estava mais próximo do ex-presidente. Os relatos do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, e seu pai, o general Mauro Cesar Lorena Cid, foram colaboração fundamentais para juntar os fios soltos da história.

    No detalhamento feito pelos agentes federais, Bolsonaro apagou mensagens do celular, mas deixou vestígios que comprovariam seu envolvimento direto nas negociações de venda das peças.

    No relatório da Polícia Federal, há uma marca pessoal de Bolsonaro na resposta que deu para autorizar a venda das joias sauditas: “Selva!”, a saudação militar para “OK, tudo certo”.

    O que está certo até aqui é que a Polícia Federal reuniu provas contundentes contra o ex-presidente. Bolsonaro reagiu citando o que chama de diferença de tratamento entre ele e o presidente Lula e ao erro no valor dos desvios, corrigido pela Polícia Federal, que chega a quase 7 milhões de reais.

    No entanto, o ex-presidente nem explica, nem nega o esquema de venda das joias.

    Confira abaixo a íntegra da nota da defesa de Bolsonaro no caso das joias:

    A defesa de Jair Messias Bolsonaro, diante da decisão proferida nesta data, tornando públicos os autos da Pet 11645, que versa sobre bens do acervo de presentes oferecidos ao ex-Presidente durante seu mandato, vem esclarecer o seguinte:

    Os presentes ofertados a um Presidência da República obedecem a um rígido protocolo de tratamento e catalogação e sobre o qual o Chefe do Executivo não tem qualquer ingerência, direta ou indireta, sendo desenvolvido pelo “Gabinete Adjunto de Documentação Histórica” (“GADH”), responsável por analisar e definir, a partir dos parâmetros legais, se o bem será destinado ao acervo público ou ao acervo privado de interesse público da Presidência da República. Referido Gabinete, esclareça-se, é composto por servidores de carreira e que, na espécie, vinham de gestões anteriores.

    Note-se, ademais disso, que todos os ex-Presidentes da República tiveram seus presentes analisados, catalogados e com sua destinação definida pelo “GADH”, que, é bem de se ver, sempre se valeu dos mesmos critérios empregados em relação aos bens objeto deste insólito inquérito, que, estranhamente, volta-se só e somente ao Governo Bolsonaro, ignorando situações idênticas havidas em governos anteriores.

    No curso desta mesma investigação — repita-se, estranhamente direcionada apenas ao ex-Presidente Bolsonaro —, houve representação para a inclusão do atual Presidente da República, tendo em vista as próprias declarações do mesmo de que, quando no exercício de mandato, havia recebido um relógio da sofisticada marca Piaget, presenteado pelo ex-Presidente da República Francesa, Jacques Chirac.

    A despeito de tratar-se de situação absolutamente análoga, inclusive quanto a natureza e valor expressivo do bem, o Ministro Alexandre de Moraes, na condição de relator da presente investigação, determinou o pronto arquivamento da representação, em 6 de novembro de 2023, sem declinar as razões que tornariam aquela situação legítima e a do ex-Presidente Bolsonaro não.

    Importa, ainda, lembrar que o ex-Presidente Bolsonaro, desde que foi noticiado, em março do ano passado, que o Tribunal de Contas da União havia aberto procedimento voltado a avaliar a destinação dos bens aqui tratados para o acervo privado de Presidência da República, antes mesmo de qualquer intimação ou ciência oficial, compareceu de forma espontânea aos autos e requereu que os referidos bens fossem, desde logo, depositados naquela Corte de Contas.

    A iniciativa visava deixar consignado, ao início da menor dúvida, que em momento algum pretendeu se locupletar ou ter para si bens que pudessem, de qualquer forma, serem havidos como públicos. Se naqueles autos colocou-se em discussão o status legal de tais itens, dada a complexidade das normas que teoricamente disciplinam a dinâmica de bens dessa ordem, requereu-se, ad cautelam, que desde logo ficassem sob a custódia do poder público, até a conclusão da discussão sobre sua correta destinação, de forma definitiva.

    A presente investigação — assim como as demais que colocam hodiernamente o ex-Presidente como protagonista —, ressente-se, ainda, da evidente incompetência do Supremo Tribunal Federal e da inexistência de qualquer prevenção do Ministro Alexandre de Moraes enquanto relator, aspecto sobre o qual a Procuradoria Geral da República, já em agosto de 2023, expressamente declinou da competência para a tramitação da apuração, indicando o MM. Juízo de 1.ª instância em Guarulhos. Como sói acontecer nos feitos que envolvem o ex-Presidente, a apuração permaneceu tramitando na Suprema Corte, ignorando-se a manifestação da PGR.

    Por último, a defesa manifesta sua completa indignação com o fato de que o relatório apresentado pela Polícia Federal, imputou — de forma temerária e despida de quaisquer fundamentos factuais ou mercadológicos —, que o ex-presidente teria tentado beneficiar-se de valores contabilizados na absurda ordem de R$ 25.000.000,00, afirmação que, somente após enorme e danosa repercussão midiática, foi retificado pela Polícia Federal.

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