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    Governo do Rio diz que Corregedoria da PM e Polícia Civil vão investigar denúncia de racismo contra filhos de diplomatas

    Em nota, o Palácio Guanabara afirma que repudia comportamentos preconceituosos e que vai fornecer informações sobre a investigação ao Itamaraty

    Cleber Rodriguesda CNN , Rio de Janeiro

    O governo do estado do Rio de Janeiro se manifestou sobre a denúncia de que policiais militares teriam agido de forma racista durante uma abordagem em Ipanema, na zona sul da cidade, na última quarta-feira (3). Em nota oficial, o Palácio Guanabara repudiou qualquer comportamento preconceituoso e destacou as medidas imediatas adotadas para apurar os fatos.

    De acordo com o governo, a Polícia Civil, por meio da Delegacia Especial de Atendimento ao Turismo (Deat), iniciou uma investigação logo após tomar conhecimento do caso. A especializada realizou diligências imediatas, ouviu testemunhas e está em processo de identificação dos jovens envolvidos. Além disso, a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) está colaborando estreitamente com a investigação.

    No âmbito da Polícia Militar, a 1ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar, que está subordinada à Corregedoria-Geral da PM, foi encarregada de uma rigorosa apuração dos fatos. Estão sendo analisadas imagens de câmeras de segurança e colhidos depoimentos de testemunhas para esclarecer a conduta dos policiais durante a abordagem.

    O governo do estado afirmou, ainda, que está comprometido com a transparência do caso e à disposição do Itamaraty para compartilhar o andamento das investigações.

    “O Governo do Rio reforça que está à inteira disposição do Itamaraty para compartilhar, de forma transparente, o andamento das investigações, em resposta aos jovens, seus familiares e representantes de seus países”, diz a nota.

    O caso

    Dois policiais militares que abordaram filhos de diplomatas em Ipanema, na zona sul do Rio, estão sendo investigados por injúria racial.

    Entre os jovens abordados estava um garoto de 14 anos, filho de uma assistente do embaixador do Canadá no Brasil. Ele estava acompanhado por outros quatro jovens: dois brasileiros brancos e dois filhos dos embaixadores do Gabão e de Burkina Faso, ambos negros. Enquanto caminhavam pela rua Prudente de Moraes, foram abordados por policiais militares com armas em punho.

    De acordo com Raiana Rondhon, mãe de um dos jovens, os adolescentes estavam retornando para casa por volta das 19h, quando foram parados pelos policiais sem qualquer questionamento prévio.

    “Com arma na cabeça e sem entender nada, foram violentados, obrigados a tirar casacos”, relatou.

    Segundo Raiana, após perceberem que os jovens eram estrangeiros e não conseguiam responder às perguntas dos policiais, eles foram liberados com um alerta para não andarem na rua, sob risco de serem abordados novamente.

    Ela também diz que a abordagem foi “racial” e “criminosa”.

    Câmeras de segurança capturaram o momento em que a viatura da PM atravessa a rua e dois policiais desembarcam com armas em punho. Os dois policiais identificados pertencem à Unidade de Polícia Pacificadora do Vidigal, também na Zona Sul.

    O Ministério das Relações Exteriores divulgou uma nota informando que recebeu os embaixadores do Gabão e de Burkina Faso em Brasília para discutir a abordagem. Durante a reunião, foi entregue uma nota verbal com um pedido formal de desculpas do governo brasileiro e o anúncio de que o Ministério acionaria o Governo do Estado do Rio de Janeiro para solicitar uma investigação rigorosa e a responsabilização dos policiais envolvidos. O embaixador do Canadá também receberá uma nota semelhante.

    Em nota, a Secretaria de Estado de Polícia Militar disse que os policiais envolvidos na ação portavam câmeras corporais e as imagens serão analisadas para constatar se houve algum excesso por parte dos agentes.

    “Em todos os cursos de formação, a Secretaria de Estado de Polícia Militar insere nas grades curriculares como prioridade absoluta disciplinas como Direitos Humanos, Ética, Direito Constitucional e Leis Especiais para as praças e oficiais que integram o efetivo da Corporação”, completa a nota

    Com informações de Rodrigo Monteiro

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