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    Maurício Pestana
    Coluna

    Maurício Pestana

    Jornalista, escritor e especialista em Diversidade e Inclusão. Preside o Fórum Brasil Diverso e RAÇA Brasil Comunicações

    O crescimento da extrema-direita na Europa

    As eleições na França mostraram ao mundo um caminho que parece não ter volta. Ou seja: o crescimento da extrema-direita também em países como Portugal, Espanha, Alemanha, com passado recente de uma grande atuação social, oriundos de uma ideologia mais humanista.

    A pergunta que se faz é: o que aconteceu com esses países seria um fracasso das ideologias que levam em conta pautas sociais ou seria um desencantamento com a política tradicional e seus representantes?

    Na realidade, é a junção de vários fatores que levam a essa guinada no velho continente. Questões que vão desde a insatisfação com promessas não cumpridas até o empobrecimento e dependência da seguridade social de uma população cada vez mais envelhecida. Aposentadorias são pagas, em países como Portugal, com contribuição significativa na previdência social por esses estrangeiros, tanto hostilizados por parcela dos que usufruem desses benefícios.

    Obviamente, todas essas questões difíceis de tratar no cotidiano vão se materializando. Em um mal-estar na busca de culpados, o político é o alvo mais próximo, mas também tem o imigrante, que na concepção de muitos está ali para roubar o emprego e empobrecer o povo. Enfim, a culpa sempre recai para o outro, abrindo um campo fértil para o discurso de ódio e deixando emergir um núcleo conservador que há muito não ocupava espaço de poder nesses países.

    O grande problema é que a última vez que isso aconteceu com esses elementos, tais como nacionalismo exacerbado, busca por um culpado externo, falta de perspectiva para uma juventude alienada e lideranças xenofóbicas, como muitas que se apresentaram nessas eleições na França, a humanidade se jogou em um conflito sem precedentes resultando na morte de milhões de pessoas.

    Aparentemente, estamos distantes de um desfecho daquela catástrofe, porém o que impressiona é a semelhança do cenário e dos personagens culpabilizados, os judeus de ontem são os árabes, muçulmanos, pretos, latinos, africanos de hoje, apontados e muitas vezes hostilizados nas ruas do velho continente.

    A retórica de ódio de hoje pouco se difere do discurso de ódio de ontem, e a pouca reação de políticos de hoje não é diferente dos que deixaram o mundo caminhar para aquele abismo e nos faz lembrar aquele ditado que diz: “Aqueles que não aprendem com os erros do passado estão condenados a repeti-los no presente e no futuro”.

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