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    Marinha se antecipa a decisão do Ministério da Defesa e forma primeira turma de mulheres combatentes

    Presença feminina na linha de frente de conflitos e guerras ocorre há cerca de 40 anos em outras partes do mundo

    Leonardo Ribbeiroda CNN , Brasília

    A Marinha brasileira realiza, na sexta-feira (5), um feito inédito nas Forças Armadas. Um grupo de 114 mulheres concluirá o curso de formação de soldados fuzileiros navais.

    O processo seletivo contou com mais de cinco mil inscritas. Na prática, a instituição se antecipou à decisão do Ministério da Defesa de aceitar o alistamento militar feminino voluntário a partir de 2025.

    Para tanto, foram necessárias adaptações nos quarteis que vão receber as militares. Os fuzis a serem usados, por exemplo, são mais leves que os carregados por homens.

    Coletes e mochilas também tiveram que ser ajustados ao corpo feminino. A Marinha implementou ainda o reconhecimento facial nos alojamentos para garantir privacidade e segurança.

    As mudanças são resultados de estudos e intercâmbios com Forças Navais de outros países que possuem mulheres na linha de frente de combate.

    Debate sobre atuação feminina nas Forças chegou ao STF

    Atualmente há 34 mil mulheres nas Forças Armadas, em um universo de 360 mil militares.

    O ingresso feminino teve início no começo da década de 1980, por iniciativa da Marinha. Em 1982, foi a vez da Força Aérea. Já o Exército começou a aceitar mulheres em suas fileiras em 1992.

    No entanto, em todos os casos, esse ingresso começou em carreiras específicas, como saúde, intendência (logística) e no quadro de material bélico (manutenção de armas e viaturas).

    No ano passado, a Procuradoria-Geral da República (PGR) questionou essa regra e propôs ações no Supremo Tribunal Federal (STF).

    Treinamento militar da Marinha do Brasil / Marinha/Divulgação

    “Não há fundamento razoável e constitucional apto a justificar a restrição da participação feminina em corporações militares”, afirmou, à época, a procuradora-geral interina Elizeta Ramos.

    “Se o legislador e as próprias corporações consideram que as mulheres são aptas a exercerem os referidos cargos, não é plausível estabelecer impedimentos ou restrições ao exercício desse direito fundamental, sob pena da configuração de manifesto tratamento discriminatório e preconceituoso”, disse a procuradora.

    Presença de mulheres em postos de combate é comum no mundo

    Enquanto o Brasil discute a participação de mulheres em postos de combate nas Forças Armadas, a presença delas na linha de frente de conflitos e guerras ocorre há cerca de 40 anos em outras partes do mundo.

    Pelo menos 17 países contam, alguns deles há décadas, com a presença feminina em unidades que operam na linha de frente das batalhas. E não são apenas nações de regime autoritário, como a Coreia do Norte, ou em guerra, como Israel e Ucrânia, que têm mulheres nessas posições.

    A lista inclui vários países ocidentais e seus aliados, como França, Alemanha, Dinamarca, Holanda, Nova Zelândia, Polônia, Suécia, Austrália, Finlândia, Índia e Canadá.

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