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    Lira diz que discussão sobre PL do Aborto foi “mal conduzida”

    Presidente da Câmara afirma que discussão da proposta será debatida com “muita clareza” no segundo semestre

    Emilly BehnkeGabriela Boechatda CNN , Brasília

    O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), disse nesta segunda-feira (1º) que a discussão sobre o chamado PL do Aborto foi “mal conduzida” e tratada com defesas de forma “equivocada”. Os deputados aprovaram em 12 de junho a urgência para tramitação da proposta, que equipara o aborto realizado após 22 semanas de gestação ao crime de homicídio.

    “Não teria a Câmara votado [a urgência] de forma simbólica e unânime se fosse para tratar de aborto. Isso foi uma pauta mal conduzida com relação às versões que saem, principalmente as versões publicadas”, disse.

    Lira falou sobre o assunto em entrevista a jornalistas após a 1ª Reunião de Mulheres Parlamentares do P20, grupo que reúne os presidentes de parlamentos dos países do G20. O evento foi realizado em Maceió (AL).

    A proposta, de autoria do deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), aumenta de 10 para 20 anos a pena máxima para quem realizar o procedimento. Segundo Lira, o tema será debatido com mais “clareza” no segundo semestre.

    “Essa pauta de aborto como foi colocada, com a defesa muito equivocada em relação a estupradores e crianças indefesas, foi justamente sobrestada e vai ser levada no segundo semestre com muito debate, com muita discussão e com muita clareza para que não se crie essas versões de apelidos para PLs que não existem”, afirmou.

    Lira defendeu que o tema do projeto tratava do julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a legalidade de uma decisão do Conselho Federal de Medicina que proibiu assistolia fetal para interrupção de gravidez em casos de estupro.

    “Se um Congresso da República, Senado e Câmara, não puder discutir o que se discute em conselhos federais e no STF, eu não sei para serve”, afirmou.

    Dias depois de aprovada a urgência do projeto de lei, em 18 de junho, Lira anunciou que o projeto poderia ser analisado por uma “comissão representativa”. Na ocasião, ele afirmou que o projeto não iria “retroagir nos direitos já garantidos” às mulheres.

    No evento, Lira também defendeu ampliar a participação feminina na política por meio da reserva de cadeiras para mulheres. Segundo ele, aumentar o espaço de mulheres na política é essencial para garantir a igualdade de gênero e fortalecer a democracia.

    Para ele, as cadeiras efetivas permitiriam um aumento gradual da participação feminina na política e evitaria as chamadas “candidaturas laranjas”.

    “Ainda este ano vamos voltar à discussão para constitucionalizar cadeiras efetivas. É muito melhor você efetivar cadeiras, sair dando as vagas para que elas preencham com seus méritos […] do que se exigir o percentual de candidatas e a gente estar fabricando candidatas que muitas vezes a punição vem grande”, declarou.

    P20

    A reunião do P20 reuniu cerca de 30 parlamentares de diferentes regiões do planeta nesta segunda-feira. O parlamento do Mercosul, a Organização das Nações Unidas (ONU), a União Interparlamentar e a ONU Mulheres também tiveram representantes presentes.

    O P20 existe há cerca de dez anos, mas foi a primeira vez que o grupo se reuniu para discutir a participação de mulheres na política.

    Segundo Lira, a escolha de Maceió para receber o evento é parte da estratégia da presidência brasileira do G20 para divulgar as cidades e as culturas das diferentes regiões do País.

    O evento durará dois dias e tratará de mudança do clima, de inclusão social e de combate à fome e à pobreza.

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