Ex-estrategista de Trump se entrega às autoridades para cumprir pena de prisão
Ele foi condenado a quatro meses de prisão por desacatar uma intimação do Congresso
Steve Bannon, ex-estrategista de Donald Trump, se entregou às autoridades federais dos Estados Unidos nesta segunda-feira (1°) para cumprir pena de quatro meses de prisão por desacatar uma intimação do Congresso.
Ele se apresentou a uma prisão federal em Danbury, no estado de Connecticut, sendo levado sob custódia logo após as 12h, no horário do leste dos EUA.
Bannon foi levado ao local em uma van preta, após falar em um púlpito do lado de fora da unidade correcional, dizendo que estava “orgulhoso” de ir para a prisão.
“É hora de eu me render em Danbury”, destacou.
Bannon é o segundo ex-assessor de Trump a ser preso por desacato a alguma intimação do Congresso, depois que Peter Navarro começou a cumprir pena de quatro meses no início deste ano.
Os dois homens foram condenados por não cumprirem as intimações emitidas a eles pelo agora extinto Comitê Seleto da Câmara que investigou o ataque ao Capitólio, em 6 de janeiro de 2021.
A Suprema Corte negou na sexta-feira (28) um recurso de Bannon para evitar se apresentar para prisão enquanto ele contesta sua condenação perante o tribunal federal de apelações em Washington, DC.
Bannon afirmou não fez pouco caso do comitê da Câmara, mas que estava confiando no conselho de seus advogados para não responder à intimação até que os legisladores decidissem sobre as alegações de Trump sobre privilégio executivo no assunto.
Os tribunais não permitiram que ele argumentasse isso ao júri que decidiu seu caso.
Ele continua sendo um aliado ferrenho de Trump e é um defensor vocal da candidatura do republicano à reeleição presidencial.
“Serei mais poderoso na prisão”, diz Bannon
Steve Bannon estava com uma agenda lotada nos dias anteriores à sentença de prisão.
Ele tentou, sem sucesso, convencer Trump a faltar ao debate presidencial da CNN na semana passada. Também continuou apresentando seu podcast de extrema direita, no qual e prometeu se vingar de seus inimigos políticos e prender a atual liderança do Departamento de Justiça dos EUA.
Além disso, Bannon recebeu vários repórteres para se juntarem a ele durante suas transmissões, enquanto divulgava uma narrativa de martírio político.
“Serei mais poderoso na prisão do que sou agora”, destacou Bannon na semana passada.
Antes disso, sua “persona pública” tem sido de indiferença — despreocupado e sem medo de seu tempo na unidade federal.
“Não vou ficar sentado lá pensando: ‘Ai, coitado de mim'”, ressaltou Bannon à CNN.
Entretanto, fontes próximas a ele pintaram um quadro diferente, descrevendo um homem oscilando entre a negação de que seria poupado de uma pena de prisão e a apreensão sobre o que a vida atrás das grades implicaria.
Contato limitado com o mundo exterior
Para réus criminais nos Estados Unidos, há prisões piores do que a unidade onde Bannon passará os próximos quatro meses. Danbury tem uma população carcerária relativamente pequena, com menos de 1.200 presos homens e mulheres.
A unidade na qual Bannon será alojado tem criminosos condenados por “colarinho branco”, embora também possa incluir alguns criminosos violentos e outros condenados por crimes sexuais.
O refeitório oferece vários lanches, de manteiga de amendoim a chips de banana, de acordo com uma lista online.
Entretanto, os presos não têm acesso à Internet, de acordo com pessoas familiarizadas com a prisão.
Os que estão sob custódia em Danbury podem enviar e-mails sem anexos, mas eles passam por um sistema monitorado. O código do Escritório Federal de Prisões proíbe os detentos de conduzir negócios.
Além do acesso ao e-mail, as pessoas na unidade prisional têm direito a centenas de minutos de telefone por mês, que podem usar em sessões de 15 minutos em um telefone de parede.
Uma vez que os minutos mensais se esgotam, não há opção de recarregá-los.
Por mais que esteja longe de transmitir para os fiéis de Trump por horas a cada dia, Bannon insistiu que sua plataforma de mídia “War Room” prosperaria mesmo em sua ausência.
“Somos um movimento populista. Isso é tudo sobre o público. Se eu nunca mais voltar para a ‘War Room’, não fará diferença”, afirmou Bannon.
“Estou trabalhando 24 horas por dia, 7 dias por semana nesta campanha”, disse Bannon, que não tem um papel formal na campanha de Donald Trump em 2024, mas continua sendo um dos maiores apoiadores do ex-presidente, mesmo depois de ter sido demitido da Casa Branca de Trump.
“Terei um impacto muito maior na campanha quando estiver na prisão do que tenho agora”, pontuou.
Por enquanto, porém, Bannon está pronto para passar por um processo de admissão nesta segunda-feira para os presos em Danbury.
Ele passará por um detector de metais e será submetido a uma revista íntima. Depois, participará de uma avaliação de saúde mental. Bannon então será levado para sua unidade, receberá um saco de dormir, será designado para uma cama e deixado para se acostumar à vida atrás das grades.
Assim, a vida não incluirá ler cartas de seus fãs, comentou Bannon.
“Você deve focar 100% do seu tempo em vencer”, ressaltou o ex-estrategista de Trump sobre aqueles que podem ser inspirados a enviar notas de apoio para sua cela.
“Não me envie uma carta, porque eu não vou ler”, acrescentou.