Decisão sobre Americanas diz que sócios eram “induzidos ao erro”
Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles não são citados
A Polícia Federal (PF) cumpriu na quinta-feira (27) a Operação Disclosure, com mandados de prisão preventiva contra dois ex-diretores das Americanas devido à suspeita de participação em fraudes contábeis. Entre os documentos apresentados para sustentar o pedido de prisão preventiva, não há menção aos nomes dos sócios de referência da companhia.
No documento, o Ministério Público Federal (MPF) entende que os sócios eram induzidos ao erro, “pois não lhes eram apresentados os valores reais das operações”. Além disso, a decisão menciona que os membros do Conselho de Administração da empresa – formado pelo trio – não participavam do processo de fechamento das contas.
Renato Tescari, sócio do Condini e Tescari advogados, explica que a decisão de ontem faz parte de um inquérito que corre em segredo de justiça, sendo um desdobramento, além de que podem haver outros inquéritos que investigam o mesmo caso, ou seja, as fraudes que ocorreram na varejista.
“Até ontem, os fatos não sugeriam o envolvimento de outras pessoas que não as citadas [os dois ex-diretores]”, avalia Tescari.
O trio de acionistas de referência é formado por Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles.
O grupo investigado, segundo a PF na operação, seria responsável pela maior fraude da história do mercado financeiro do Brasil, que foi estimada em R$ 25,3 bilhões pela própria empresa.
A ação desta quinta-feira tem a finalidade de esclarecer a participação desses executivos nas fraudes contábeis. A ação foi apoiada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Entre os crimes apurados na investigação, que podem ter sido cometidos pelos ex-diretores da Americanas, estão Manipulação de Mercado, Uso de Informação Privilegiada, Associação Criminosa e Lavagem de Dinheiro.