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    PM realiza operação contra tráfico de drogas na comunidade de Paraisópolis

    Ação acontece na véspera de audiência judicial do caso do massacre ocorrido na favela em 2019

    Julia Fariasda CNN*Rafael Saldanhada CNN

    A Polícia Militar de São Paulo realiza uma operação nesta quinta-feira (27), na região de Paraisópolis, na zona sul da capital.

    De acordo com a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP), a “Operação Impacto” está sendo realizada por meio do 5° Batalhão de Choque e apoio do Canil com o objetivo de combater o tráfico de drogas no local. Ainda segundo a pasta, trata-se de uma ação rotineira.

    Durante a ação, os agentes localizaram, com a ajuda do Cão Policial K-9 Thor, armas de fogo e dois sacos pretos com drogas e facas dentro de uma residência. Segundo a SSP, o infrator foi conduzido ao 2°DP de Carapicuíba.

    Em um vídeo gravado por moradores da região, é possível visualizar a movimentação dos militares na comunidade. Veja abaixo:

    A CNN recebeu relatos dos moradores da comunidade que se manifestaram acerca da operação realizada pela PM. Em um áudio, um deles solicita ajuda ao restante dos moradores para verificar o movimento dos policiais na região. Em seguida, ele afirma que a ação é “abusiva” e que acontece “sem motivo”.

    Outra moradora também se manifestou: “Botaram arma e ‘tipo uma lanterna’ na cara do povo. Entraram com o cachorro na casa de uma mulher bem de manhãzinha. Ela e os meninos ficaram até com medo”, disse.

    A pasta afirma que a operação segue em andamento. A ação acontece um dia antes de policiais envolvidos na morte de nove pessoas em Paraisópolis passarem por audiência judicial.

    Massacre em Paraisópolis

    A audiência de defesa de policiais militares no caso do Massacre de Paraisópolis, ocorrido em 2019, acontece nesta próxima sexta-feira (28), a partir das 10h, no Fórum Criminal Ministro Mário Guimarães.

    O massacre de Paraisópolis aconteceu na madrugada do dia 1° de dezembro de 2019, no baile da DZ7. Os policiais entraram na comunidade e cercaram um quarteirão onde acontecia o maior fluxo de pessoas. Durante a ação foram usadas bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral, além de tiros de balas de borracha, golpes de cassetetes e rajadas de gás de pimenta.

    Como resultado das ações policiais, um tumulto passou a ocorrer e parte da multidão correu para um beco. Neste momento, segundo relatos, os moradores foram encurralados pela Polícia Militar. Na ação, nove jovens, com idades entre 14 e 23 anos, foram mortos.

    A primeira audiência de custódia sobre o caso foi realizada em julho do ano passado, quando 13 réus foram julgados. Após a audiência, outra foi marcada para dezembro de 2023 para definir se eles iriam ou não a júri popular.

    Na época, a CNN entrou em contato com as defesas de oito dos réus que informaram que mantinham o mesmo posicionamento desde o início dos trabalhos. Segundo os advogados, não há ligação entre a conduta dos policiais e as mortes.

    Atuação da PM em Paraisópolis

    Em abril deste ano, uma ação de policiais das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) em Paraisópolis, na zona sul de São Paulo, deixou uma pessoa morta. Segundo a Polícia Militar, a ocorrência começou após uma denúncia de que dois homens em uma moto haviam praticado um roubo e fugiram em direção a comunidade.

    Na época, a SSP-SP afirmou que, ao perceberem a aproximação da polícia, os pilotos das motos tentaram fugir, mas caíram. Ambos correram e tentaram se esconder, mas um deles foi encontrado e, ao ser abordado, teria apontado uma arma para a equipe policial, que atirou.

    Um outro caso, ocorrido no mesmo mês, diz respeito ao menino Kauã Veríssimo Félix, de 7 anos, que ficou ferido na cabeça durante uma ação de agentes militares que faziam patrulhamento na comunidade quando foram recebidos a tiros por suspeitos em uma viela. Conforme a SSP-SP, os policiais reagiram e os indivíduos fugiram. Depois da ação, foi constatado que a criança estava com um ferimento na cabeça.

    No início deste mês, um homem morreu após tentar desarmar um agente militar durante uma abordagem da PM na comunidade. Segundo a Polícia Militar, na tentativa de conter o agressor, o homem teria retirado a arma de um dos policiais e, em seguida, efetuado disparos contra os dois agentes, que foram atingidos. Um dos policiais, mesmo ferido, conseguiu sacar sua arma e disparar contra o homem agressor, que foi alvejado e caiu ao chão ferido.

    *Sob supervisão de Bruno Laforé

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