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    Maurício Noriega
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    Maurício Noriega

    Mauricio Noriega é um dos jornalistas esportivos mais reconhecidos do país. Ganhou o prêmio ACEESP de melhor comentarista esportivo de TV seis vezes.

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    Seleção Brasileira: campo curto não explica futebol pequeno

    Pálido empate contra a Costa Rica evidenciou a falta de ideias do time e de alguns jogadores

    Como quase sempre acontece no futebol brasileiro, procura-se um vilão para explicar maus resultados e desempenhos ruins. No caso da estreia da Seleção Brasileira na Copa América de 2024, um pálido empate sem gols com a Costa Rica, o culpado de plantão foi o campo do estádio em Los Angeles.

    Explicação: como a maioria dos estádios utilizados na Copa América são arenas de futebol americano, cujas dimensões de gramado são menores, adaptá-los para o nosso futebol, o soccer deles, fez com que as dimensões fossem reduzidas. O padrão oficial da Fifa é de 105 metros de comprimento por 68 de largura. Na Copa América os gramados têm, geralmente, 100 metros por 64, uma redução de 2,5 metros em cada lado no comprimento e 2 metros de cada lado na largura.

    Em se tratando da maior competição de seleções do futebol das Américas, é a chamada gambiarra injustificável.

    Mas será motivo para justificar atuações ruins?

    Tomemos como parâmetro a Premier League, o Campeonato Inglês da Primeira Divisão, o principal torneio nacional de futebol do mundo. Há campos com diversos tamanhos. A maioria na medida de 105×68, mas o do Chelsea, por exemplo, tem 103×67; o do Crystal Palace, 100×67; o do Fulham, 100×65 (semelhante aos da Copa América); o do Everton, 103×70. Pouco se reclama ou se justifica em termos de resultados em virtude das diferenças. Pela regra, a Federação Inglesa admite campos de 90×45 até 120×90, mas o padrão sugerido é de 105×68.

    Vários jogadores da Seleção Brasileira atuam na Inglaterra. Andreas Pereira é do Fulham, que tem o campo mais apertado.

    Não duvido da argumentação, mas serve como desculpa para a falta de ideias do time?

    Não deveria.

    Diante de um adversário que jogou na boa e velha retranca, que alguns analistas tentam disfarçar com termos rebuscados, o Brasil foi um time sem ideias e carente de atitude por parte de muitos jogadores. Em especial da dupla de volantes João Gomes e Bruno Guimarães. Sem ter a quem marcar, recusaram-se a avançar no campo e atacar. Lucas Paquetá, outro que joga na Inglaterra, até arriscou algo. O craque do time, Vini Jr, teve uma atuação ruim, preso ao lado esquerdo do campo, tentando resolver tudo sozinho. Rodrygo foi o mais lúcido dos atletas brasileiros.

    Faltou uma dose de ousadia e risco ao treinador Dorival Júnior. Manteve os dois volantes quase o jogo inteiro, mesmo percebendo que não tinham quem marcar e se recusavam a atacar. O técnico parecia preocupado com a possibilidade de uma derrota em sua estreia oficial.

    Muito se cobra dos treinadores e de suas estratégias e pouco se fala da leitura de jogo dos atletas e das soluções que eles deveriam encontrar. Para muitos jogadores, sempre é mais fácil deixar que o “professor” fale algo no intervalo, quando eles poderiam alterar comportamentos.

    Nada está perdido, mas o Brasil terá um jogo decisivo contra o Paraguai na segunda rodada. Na Copa América classificam-se dois por grupo, e a Colômbia largou na frente.

    Bom momento para Dorival Júnior pensar menos no emprego e mais no trabalho, e para que jogadores sejam propositivos em situações adversas, sem se preocupar com o tamanho do campo.

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