Dólar fecha semana a R$ 5,44 e mantém maior patamar em quase 2 anos; Ibovespa recupera 121 mil pontos
Principal índice do mercado doméstico sobe 1,4% na semana após quatro quedas seguidas
O Ibovespa encerrou a sexta-feira (21) no campo positivo e garantiu a primeira valorização semanal desde meados de maio, após sessões marcadas por volatilidade por fim do ciclo de queda dos juros pelo Banco Central (BC) e críticas de Lula ao presidente da autarquia.
O dólar seguiu caminho oposto na sessão, mas a queda de 0,38% não foi o suficiente para apagar a recente sequência de valorização, fazendo a moeda acumular alta de 1,12% na semana, encerrando o dia a R$ 5,441, o maior patamar em quase dois anos.
Foi a quinta semana seguida de valorização. Em 2024, o dólar já acumula elevação de 12,15%.
O principal índice do mercado brasileiro fechou a sessão com avanço de 0,74%, retomando o patamar de 121.341 pontos. O desempenho deu fôlego para o Ibovespa encerrar a sequência de quatro quedas semanais, fechando o período com valorização de 1,4%.
A alta do mercado foi sustentada pelo avanço de 3,87% da Sabesp (SBPS3), com a iminência da oferta de ações que privatizará a companhia de saneamento básico do Estado de São Paulo.
O grande foco da semana foi a decisão unânime do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC em manter a taxa básica de juros em 10,5% ao ano, encerrando o ciclo de afrouxamento monetária iniciado em agosto de 2023, quando a Selic estava em 13,75%.
Ao todo, foram sete cortes, sendo seis de 0,5 ponto e um, em maio, de 0,25 ponto. A decisão já era esperada pelo mercado, que deu mais peso ao placar do comitê.
O consenso entre os novem membros trouxe alívio aos indicadores, dissipando parte do temor dos investidores de que a configuração do BC a partir do ano que vem, quando haverá predominância de indicados por Lula, será mais leniente com a inflação.
“A questão fiscal ainda não foi resolvida. E o dólar é o grande termômetro do sentimento de aversão a risco. Por isso o dólar se ajusta a conta-gotas”, disse Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research, ao justificar o fato de a moeda não ter passado por ajustes de baixa mais consistentes após a reunião de quarta-feira do Copom.
O clima positivo da decisão monetária, porém, foi abafado em parte pela sequência de críticas de Lula ao presidente do BC, Roberto Campos Neto, e à decisão do colegiado em não seguir com o corte de juros.
Nesta sexta, o presidente voltou a criticar o BC, afirmando que Campos Neto é um adversário político e ideológico.
Em entrevista à rádio Mirante News FM, em São Luís, Lula também pontuou que o “nervosismo especulativo” em relação ao dólar não vai afetar a economia brasileira.
“Nós estamos tranquilos, ou seja, esse nervosismo especulativo que está acontecendo não vai mexer com a seriedade da economia brasileira”.
Cenário externo
No cenário exterior, os investidores analisavam dados de Índices de Gerentes de Compras (PMI) da zona do euro e dos Estados Unidos, em busca de avaliar o estado das economias desenvolvidas e seu impacto na política monetária global.
Enquanto na Europa os dados vieram fracos e mostraram uma desaceleração das atividades de serviços e da indústria, nos EUA houve aceleração da atividade empresarial, com registro de números acima do esperado pelos analistas.
*Com Reuters