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    Baleias beluga resgatadas da guerra em Kharkiv são transferidas para Espanha

    Cidade ucraniana é alvo de bombardeios diários das forças russas que causavam forte estresse em animais com audição tão sensível

    Catherine MacdonaldAntoine Demaison)da Reuters

    Biólogos marinhos transferiram um par de baleias beluga da cidade ucraniana de Kharkiv para a cidade de Valência, no leste da Espanha. Os pesquisadores descreveram o resgate como uma longa e arriscada operação de internacional, visto que Kharkiv é alvo de bombardeios diários das forças russas.

    Os animais, Plombir, macho de 15 anos e Miranda de 14 anos, chegaram ao complexo Oceanográfico de Valência na quarta-feira (19), pouco depois da meia-noite, em estado de saúde frágil, segundo comunicado do oceanário espanhol.

    A longa viagem em frágeis caixas de madeira foi uma das principais preocupações da equipe que transportou os animais.

    “Se essas caixas não forem suficientemente resistentes para aguentar a viagem de caminhão e avião, podem ocorrer vazamentos que podem deixar os animais secos e até provocar um acidente aéreo, porque essas caixas comportam quatro ou cinco metros cúbicos de água”, disse Daniel Garcia Parraga, diretor de operações zoológicas da Oceanográfica de Valencia.

    A transferência começou com uma viagem de 12 horas de Kharkiv até a cidade portuária de Odesa. Na cidade, os tratadores ucranianos das belugas se reuniram com uma equipe de veterinários do Oceanográfico, bem como do Aquário da Geórgia em Atlanta e dos parques temáticos SeaWorld.

    Após um rápido check-up, retomaram a viagem até à fronteira com a Moldávia, que atravessaram com a ajuda do Organismo Antifraude da União Europeia. Por fim, os animais embarcaram em um voo de cinco horas para Valência.

    Garcia Parraga, o diretor do oceanário espanhol, disse que a condição das baleias era “aquém do ideal para realizar este tipo de viagem, mas se tivessem continuado em Kharkiv, as previsões de sobrevivência teriam sido muito reduzidas”.

    O aquário de Kharkiv ficava a apenas 800 metros de um local que era frequentemente bombardeado e as ondas de choque causaram forte estresse em animais com audição tão sensível.

    A falta de eletricidade devido à destruição pelas forças russas das centrais energéticas da cidade ucraniana provocou que as baleias vivessem a uma temperatura de 26ºC, o que é significativamente quente para um animal do Ártico.

    Mas Garcia Parraga disse que as belugas estavam em muito melhor forma do que os veterinários inicialmente esperavam e estavam se adaptando bem ao seu novo lar.

    O macho já estava comendo – o que naquela espécie é incomum logo após o transporte – mas a fêmea ainda não havia experimentado a primeira mordida, acrescentou.

    O Oceanográfico espanhol é o maior aquário da Europa e o único que abriga baleias beluga.

    Os mamíferos de cor branca vivem em águas frias nas regiões árticas e subárticas. Os machos podem atingir até 5,5 metros de comprimento e pesar até 1,6 toneladas.

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