Não há diálogo com serviço público, é preciso se defender em Brasília, diz Haddad
Ministro da Fazenda demonstra frustração com lideranças políticas e do setor privado e diz que muitos não têm compromisso com o país
Estar em Brasília, no governo, é se defender do que está acontecendo. A frase é do ministro da Fazenda ao explicar que um dos grandes desafios de estar no governo é se esquivar do que acontece no mundo político. Fernando Haddad demonstrou frustração com líderes que não têm compromisso com o país.
“Quando a gente vai para Brasília, a gente não dialoga com o serviço público propriamente dito. A gente vai lá se defender do que está acontecendo”, disse o ministro.
“Então, a todo momento você fica apreensivo. Que lei vão aprovar? O que vamos fazer? Que maluquice é essa? O que estão falando? Por que não se dedicam a coisas sérias que vão mudar a vida das pessoas? Para que esse espuma toda para criar cizânia na sociedade, briga na família. Por que é que a gente não foca naquilo que vai mudar a vida para melhor das pessoas?”, emendou.
O ministro da Fazenda participou neste sábado de um evento sobre empreendedorismo organizado pelo Instituto Conhecimento Liberta, o ICL, em São Paulo.
Haddad disse que o cargo de ministro da Fazenda é “uma posição de responsabilidade e não de poder”. “De responsabilidade para colocar os meus conhecimentos a serviço da comunidade. Muito pouca gente tem essa compreensão”, disse.
Em outro trecho da palestra, o ministro lembrou da confiança que o pai dele – imigrante libanês – tinha no Brasil. Ao comentar que a família sempre teve muito otimismo com o país, Haddad brincou que esse otimismo existia mesmo com a “encrenca” representada pelo Brasil.
“Quando você se mete numa encrenca como o Brasil. O Brasil é uma encrenca, né? É um negócio difícil de administrar”, disse. “Você tem um país de ouro, você tem um povo de ouro, uma coisa maravilhosa. E quem pode fazer a diferença nem sempre está pensando no interesse público”, explicou.
O ministro argumentou que nem todos que têm poder, são eleitos ou grandes nomes do setor privado pensam no coletivo. “Essas pessoas não estão pensando no país? Isso é a coisa mais difícil de lidar na vida pública no Brasil”, disse. “Eu nunca vi um país que deu certo ser um projeto coletivo, nunca vi isso”.