Mercado reage negativamente à indicação do novo CFO da Petrobras
Nome escolhido por Chambriard não têm experiência na área, avaliam especialistas do setor
O novo diretor financeiro da Petrobras apresentado por Magda Chambriard, Fernando Melgarejo, foi recebido com surpresa e cautela por analistas do mercado e executivos do setor de óleo e gás ouvidos pela CNN.
Um nome desconhecido do setor e, segundo seu currículo, sem experiência em posições de alto executivos, para especialistas.
“Passamos o dia buscando informações sobre o Melgarejo. Eu não o conheço e não posso dizer se tem experiência para assumir uma diretoria da envergadura da de Finanças e Relações com Investidores da Petrobras”, disse à CNN o analista da Eleven Financial, Carlos Daltozo.
“Parece ser uma indicação com características mais políticas do que técnicas”, afirmou.
Segundo currículo apresentado pela Petrobras, Melgarejo é funcionário de carreira do Banco do Brasil, onde chegou ao cargo de gerente executivo da diretoria de Finanças e Relações com Investidores.
Ele vai deixar a diretoria de Participações da Previ, onde estava desde 2022, para assumir a segunda cadeira mais importante da Petrobras. Melgarejo é economista pós-graduado e com mestrado em Economia de Empresas.
A reação dos investidores aos anúncios revela a cautela e a desconfiança com a gestão de Chambriard.
As ações preferenciais da Petrobras terminaram a semana em queda de 3,5%, na contramão do barril de petróleo Brent, que subiu 4%.
A aversão ao risco é a justificativa mais ouvida entre investidores com a leitura de que a ingerência política na estatal agora é oficial, não mais uma percepção.
A presidente da Petrobras indicou também duas mulheres para a diretoria executiva.
Renata Baruzzi assume área de Engenharia, Tecnologia e Inovação, e Sylvia dos Anjos, a de Exploração e Produção. Ambas com longa experiência na estatal e reconhecidas pela capacidade técnica.
Executivos que já passaram pela Petrobras ressaltam que a companhia está mais saudável hoje do que há 10 anos, quando estourou o escândalo da Lava Jato e a empresa enfrentou prejuízos bilionários com controle dos preços dos combustíveis.
A blindagem criada desde então não é mais a mesma e pode não resistir ao avanço da ingerência política do governo Lula. Mas os estragos podem ser mais contidos e devem demorar a aparecer.
Segundo ex-gestores, será importante acompanhar de perto as contratações, o respeito à governança da estatal e a atuação nos setores que a Petrobras vai voltar atuar, caso dos fertilizantes e da indústria naval.